Airbnb ‘enriquece’ grupo paramilitar chinês vinculado à repressão uigur, afirma senador Rubio

Rubio questiona moralidade de empresa americana envolvida em negócios com organização sancionada por violações aos direitos humanos

09/12/2021 14:26 Atualizado: 09/12/2021 14:31

Por Daniella Pérez Schmieloz

O senador Marco Rubio (Republicano da Flórida) instou a Airbnb a retirar da plataforma as propriedades para aluguel localizadas na região de Xinjiang, na China, atribuidas a uma força paramilitar chinesa acusada de ajudar no genocídio de Pequim contra os uigures. O apelo veio em uma carta datada em 7 de dezembro.

“[Por] manter essas listagens, a Airbnb é cúmplice em enriquecer uma organização que facilita as terríveis violações aos direitos humanos e corre o risco de violar a lei sancionatória dos EUA que proíbe a ocorrência de tais transações”, afirma a carta, enviada para o CEO da Airbnb, Brian Chesky.

O proprietário atribuído a essas instalações alugadas é o Corpo de Produção e Construção de Xinjiang (XPCC), uma organização paramilitar regional sob o comando do Partido Comunista Chinês (PCC).

A organização exerce autoridade administrativa em várias cidades, vilas e fazendas, onde “dirige muitos dos notórios campos de internamento em massa que servem como instalações de detenção, tortura, esterilização e doutrinação para uigures e outros grupos étnicos” no extremo oeste da região de Xinjiang, declara a carta de Rubio.

As Nações Unidas estimam que mais de um milhão de uigures e outras minorias muçulmanas foram detidas em campos de internamento em Xinjiang. Os sobreviventes dos campos de internamento revelaram os detalhes terríveis de estupro, tortura e outras atrocidades a que foram submetidos durante a detenção.

O XPCC também controla a maior parte da economia da região, possuindo uma quantidade substancial de terras, afirmou a carta. Uma investigação da Axios descobriu que a Airbnb apresentava 14 listagens localizadas em terras de propriedade da XPCC, em 18 de novembro.

Na carta, Rubio questiona a moralidade de uma empresa americana envolvida em negócios – direta ou indiretamente – com uma organização sancionada por cometer violações aos direitos humanos. A administração Trump, em julho de 2020, sancionou o XPCC por violações aos direitos humanos contra uigures e outras minorias.

Ele também escreveu que, ao permitir “essas listagens, a Airbnb está implicitamente endossando e incentivando viagens para Xinjiang, uma região anfitriã de um genocídio em curso”.

A campanha do Partido Comunista Chinês (PCC) contra os uigures em Xinjiang foi rotulada como genocídio por grupos de direitos humanos, assim como por várias nações. Isso inclui a administração anterior e a atual dos Estados Unidos, assim como os parlamentos do Canadá, Holanda, Lituânia, Bélgica, República Tcheca e Reino Unido.

O Tribunal Uigur, um tribunal popular independente com sede em Londres, está atualmente avaliando essa acusação. O julgamento final será proferido no dia 9 de dezembro.

Além de sua repressão em Xinjiang, o PCC enfrentou condenação internacional por suas extensas violações, desde sua repressão em Hong Kong à supressão de grupos religiosos, incluindo budistas tibetanos e praticantes do Falun Gong.

Em sua carta, Rubio exigiu a consistência da Airbnb, que já havia declarado seu compromisso com as causas de justiça racial nos Estados Unidos e participou de debates relacionados a questões de direitos humanos na Cisjordânia de Israel.

Rubio também aconselhou a Airbnb a retirar seu apoio aos Jogos Olímpicos de Inverno de 2022 em Pequim. A empresa é parceira importante do Comitê Olímpico Internacional. As Olimpíadas de Inverno de fevereiro que serão sediadas em Pequim, rotuladas pelos ativistas como os “Jogos do Genocídio”, atraíram um maior escrutínio sobre as contínuas violações de direitos pelo PCC. Nos últimos dias, os Estados Unidos, Austrália, Grã-Bretanha e Canadá anunciaram boicotes diplomáticos aos Jogos devido a essa questão.

A Airbnb não respondeu a um pedido de comentário.

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