A ostentação pode custar a vida

15/07/2023 15:27 Atualizado: 15/07/2023 15:27

Wang Tianqing foi um mestre taoísta em Jianchang (atualmente condado de Nancheng), na província de Jiangxi. Seu discípulo, Zheng, que o povo chamava de taoísta Zheng, seguiu Wang durante anos e aprendeu com ele a maneira de invocar o “Deus do Trovão” para fazer chover ou eliminar demônios. Sempre que pedia, o Deus do Trovão lhe concedia sua presença.

Durante o reinado do Imperador Gaozong (aproximadamente em 1131 d.C.) na Dinastia Song, o taoísta Zheng foi ao condado de Linchuan. Várias pessoas foram visitá-lo e lhe pediram para conhecer o Deus do Trovão. Embora no início o taoísta Zheng tenha se recusado a fazê-lo, finalmente, não pode resistir aos repetidos pedidos e concordou.

O taoísta Zheng realizou sua rotina habitual, recitou os encantamentos, desenhou alguns símbolos e, em seguida, empunhou uma espada e proferiu algumas palavras em voz alta. Depois de um momento, acompanhado de ventos frios e um pouco de chuva, uma divindade com um chapéu largo e carregando um pesado machado apareceu. A divindade disse: “Eu sou o Deus do Trovão e vim a pedido do Mestre Zheng. Diga-me o que quer que eu faça.”

O taoísta Zheng respondeu, “Vários amigos meus queriam conhecê-lo, então eu o chamei. Não quero que faça nada em especial.” A divindade ficou muito aborrecida com isso e então disse, “Cada vez que você me chama, devo reportar imediatamente ao Imperador Celestial o que fiz. Hoje, você me chamou para conversar com seus amigos. Como posso relatar isso ao Imperador Celestial? Minha espada celestial não me permite descer à Terra em vão. Mestre Zheng, você deve receber um golpe do meu machado.” Com estas palavras, o Deus do Trovão golpeou a cabeça do taoísta Zheng com seu machado. Os presentes ficaram tão horrorizados que todos desmaiaram. Depois de algum tempo de torpor, eles encontraram o taoísta Zheng morto.

Quando escrevi este artigo, lembrei-me de uma conversa entre meus amigos, Sr. Chen, um teólogo, e Sr. Liu, um ateu. Eles são bons amigos, mas gostam de discutir um com o outro. Um dia, Liu disse a Chen, “Você disse que as divindades existem, então chame uma delas para que se apresente aqui para que eu a veja.” Chen respondeu, “Eu não posso invocar as divindades. Não posso nem sequer chamar um governador provincial para que venha aqui e, mesmo assim, você sabe que existe um governador. Você nunca se encontrou com o governador, com o chefe de condado ou o presidente, mas eles existem. As divindades são muito superiores aos governadores, chefes, presidentes, ou qualquer ser humano. Como nós, seres humanos, podemos querer ver uma divindade por causa de um capricho e ostentação?”

Este artigo pertence a série “Histórias da China Antiga “; para ler outros artigos da série, clique aqui.

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