Veja expõe delação: supostos laços entre PT e PCC

Marcos Valério, preso pelo mensalão, relata em detalhes a suposta ligação entre o Partido dos Trabalhadores com a facção criminosa

02/07/2022 20:49 Atualizado: 02/07/2022 23:33

Por Danielle Dutra

Um dos principais envolvidos no mensalão, ex-publicitário Marcos Valério, relatou  à Polícia Federal sobre a suposta relação entre os petistas e a maior e a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Trechos da delação foram revelados pela revista “Veja” na sexta-feira, com depoimentos cedidos pela Polícia Federal.

De acordo com Valério, que afirma ter ouvido o ex-secretário-geral do PT, Sílvio Pereira, detalhar a relação entre o partido e a facção, o empresário Ronan Maria Pinto chantageava Lula para não revelar fontes de renda ilegais de petistas. Supostamente, o partido arrecadava verbas para financiar campanhas de forma ilícita a partir de empresas de ônibus, setor em que Maria Pinto atua; operadores de transporte clandestino e bingos.

Sobre os bingos, Valério acrescentou:“Os bingos estariam lavando dinheiro do crime organizado e financiando campanha de candidatos a vereadores do PT e de deputados do PT em dinheiro vivo. E crime organizado leia-se PCC”.

Caso Celso Daniel 

Em outro trecho do depoimento, Marcos Valério menciona o ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel, que foi assassinado em 2002. Segundo o ex-publicitario, provas relacionadas ao esquema que denunciou foram perdidas à época da morte do político.

 “O Celso Daniel tinha feito um dossiê mostrando quem era do PT que estava sendo financiado e quem tinha pedido para ele para dar a ajuda em Santo André, ele como prefeito. Esse dossiê sumiu”, afirmou. 

Ainda de acordo com ele, depois que Celso Daniel foi assassinado, o PT teria afastado os integrantes do partido que tinham ligações com o crime organizado. 

Valério e o mensalão

Marcos Valério foi condenado a 37 anos de prisão pela operação do mensalão. Segundo a Justiça, ele pagava parlamentares para que apoiassem medidas do governo de Lula durante o primeiro mandato do petista. 

O caso em questão foi noticiado em 2018 pelo “Estado de S.Paulo”. O então ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello, homologou  a delação antes de sua aposentadoria em 2020.  A Procuradoria-Geral da República enviou o processo ao STF também na sexta-feira, mesmo dia em que o caso voltou às vistas do público com os trechos expostos pela “Veja”. Na Suprema Corte, está sob responsabilidade do ministro Nunes Marques.

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