Médicos brasileiros perseguidos por tratamento para COVID-19 são homenageados pela Academia de Ciências

Por Danielle Dutra
25/09/2023 20:58 Atualizado: 25/09/2023 20:58

Após serem denunciados, processados, demitidos e até alvos de atuação policial devido a supostas irregularidades na pesquisa de tratamento por medicamento para a COVID-19, o endocrinologista Dr. Flávio Cadegiani e o infectologista, Dr. Ricardo Zimerman, foram homenageados no dia 15 deste mês pela Academia Brasileira de Ciências, Artes, História e Literatura (ABRASCI). Os médicos – já inocentados de todas as acusações – agora foram imortalizados como acadêmicos do colegiado de Ciências Médicas da ABRASCI, ocupando as cadeiras 43 e 77, respectivamente.

Ambos foram processados pelo Ministério Público Federal por infrações éticas. Alvos de busca e apreensão pela Polícia Federal, tiveram os dados de seus pacientes e ferramentas de trabalho confiscados. Isso devido a um estudo em conjunto sobre o uso de drogas antiandrogênicas para tratamento da COVID-19, como a proxalutamida. Os médicos foram acusados por crimes de contrabando, falsidade ideológica e distribuição e entrega de medicamentos sem o registro da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). 

Crítico das medidas impostas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), como o uso de máscaras, lockdowns e vacinação obrigatória, o Dr. Zimerman participou da CPI da COVID onde defendeu seu posicionamento de tratamento precoce. Ele enfrentou problemas no Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul e chegou a ser demitido do Hospital da Brigada Militar de Porto Alegre, onde trabalhava.

Já o Dr. Cadegiani, também processado pelo MPF, foi alvo de busca e apreensão da operação da Polícia Federal denominada “Duplo-Cego”. Vítima de uma campanha de difamação, o Dr. Cadegiani respondeu a processos julgados pelos Conselhos Regionais de Medicina no estado do Amazonas e do Rio Grande do Sul

Os médicos foram inocentados de todas as acusações, tanto das infrações éticas nos Conselhos Regionais quanto às acusações na justiça comum do estado do Rio Grande do Sul. No cerne de todas estas retaliações está o estudo – e sua aplicação – que mesmo com os resultados e a comprovada redução da mortalidade, foi combatido pelas autoridades nacionais.

O estudo

O Dr. Cadegiani é o responsável pelo estudo, desenvolvido em conjunto com outros pesquisadores, incluindo a co-autoria e aplicação do Dr. Zimerman. A teoria de que drogas antiandrogênicas possam ser usadas no tratamento de COVID despertou a atenção dos médicos. Após vários estudos randomizados controlados, a droga denominada proxalutamida apresentou resultados impressionantes na redução de mortes. 

O estudo envolveu 778 pacientes diagnosticados com COVID grave, hospitalizados no Amazonas e no Rio Grande do Sul. Após a aplicação em um grupo de pacientes com proxalutamida, o resultado mostrou a redução das mortes em 78%.

  • Proxalutamida: 45 de 423 (10,6%) morreram.
  • Placebo: 171 de 355 (48.2%) morreram.

O Hospital da Brigada Militar do Rio Grande do Sul foi um dos locais no qual o estudo foi aplicado, reduzindo a taxa de mortalidade da COVID-19 por hospitalizados para uma das menores do país, chegando a 12,6%, enquanto que a média nacional era de 38%.  

O estudo, revisado por pares e publicado na revista científica Cureus, foi desacreditado pela comunidade médica brasileira, No entanto, os resultados foram atestados por renomadas instituições no mundo e reproduzidos em vários países, recebendo a nota mais alta entre os estudos de medicamentos da COVID pela Universidade de McMaster, no Canadá.

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