Delegado acusado de travar investigações no caso Marielle citou filho de Bolsonaro sem provas

Por Redação Epoch Times Brasil
01/04/2024 16:07 Atualizado: 01/04/2024 16:07

A Polícia Federal realizou uma operação que teve como alvo o delegado Giniton Lages, anteriormente encarregado das investigações sobre o assassinato da ex-vereadora Marielle Franco (PSOL). Foi Lages quem trouxe à tona, durante uma entrevista em 2019, a informação sobre um suposto relacionamento entre Ronnie Lessa, acusado de ter executado Marielle, e um dos filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro.

“Isso será enfrentado em um momento oportuno. Não é relevante para este momento”, declarou Lages em referência ao suposto namoro.

Conforme o relatório da PF que fundamentou a ação autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, o delegado é citado como o escolhido pelo então chefe da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa, para “conduzir” as investigações “de modo a não revelar os mandantes do crime”.

“Posteriormente à execução dos crimes, Rivaldo, que passara a ocupar a função de chefe de Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro (PCERJ) indicou o delegado Giniton Lages para as investigações, ajustando com a autoridade policial que as investigações deveriam ser dirigidas de forma a não revelar os mandantes do crime”, diz Moraes no relatório.

O delegado foi alvo de busca e apreensão no domingo, 24 de março, além de ser afastado de suas funções e obrigado a utilizar uma tornozeleira eletrônica.

Bolsonaro diz que foi massacrado pelo caso Marielle

Durante uma transmissão ao vivo realizada em janeiro deste ano, o ex-presidente Jair Bolsonaro declarou ter sido alvo de intensa pressão devido ao caso Marielle. Ao lado de seus filhos, Bolsonaro comentou o fato de que o suposto executor, Ronie Lessa, residia no mesmo condomínio Vivendas da Barra, na zona oeste do Rio de Janeiro, onde o ex-presidente também possui uma residência. “O possível executor morava no meu condomínio, que tem 150 casas, daí o mundo começou a cair na minha cabeça”, disse. “Por cinco anos apanhei como possível mandante da morte de Marielle”.

O ex-presidente concluiu sua fala negando veementemente qualquer envolvimento seu ou de membros de sua família na morte da vereadora.

“O que mais quero é que o fato seja elucidado. Eu nunca tive contato com a Marielle. O meu filho Carlos [Bolsonaro, vereador no Rio] tinha o gabinete dele no mesmo andar da Marielle, nunca tiveram problema”, acrescentou.