Comunidades amazônicas do Brasil pedem maior conectividade para enfrentar seca

Por Agência de Notícias
20/10/2023 17:31 Atualizado: 20/10/2023 17:31

A Amazônia brasileira, que enfrenta uma das secas mais severas de sua história, precisa de uma melhor conexão logística para enfrentar esse e outros problemas, disseram nesta quinta-feira participantes do I Fórum Latino-Americano de Economia Verde, realizado em São Paulo.

“A logística é o grande desafio, porque a conexão com o resto do país é fundamental”, disse Valcléia Solidade, superintendente de Desenvolvimento Sustentável de Comunidades da ONG Fundação Amazônia Sustentável, no final do evento.

Em meio a uma das piores secas da história da maior floresta tropical do mundo, Solidade citou as dificuldades da região em receber suprimentos, remédios, alimentos e conseguir enviar sua produção para outras regiões.

“Nossas estradas são os rios. Pessoas e produtos só podem ser transportados por avião ou barco. Por isso, precisamos reativar a única estrada que existia. É o caminho mais barato e mais rápido”, enfatizou Solidade, natural da comunidade quilombola Murumuru, em Santarém (PA).

Na mesa redonda “Economia verde e empoderamento econômico das comunidades”, que encerrou o fórum organizado pela Agência EFE, a líder comunitária disse que “para minimizar os impactos das mudanças climáticas” a alternativa é “investir nas pessoas que estão do outro lado”.

“O mundo deve olhar para as populações tradicionais com mais respeito e dignidade. Temos que cuidar de quem cuida da floresta”, e um dos pontos é essa “conexão logística”, aagumentou.

Rodrigo Corradi, secretário executivo adjunto da organização internacional de governos locais ICLEI na América do Sul, disse que “iniciativas privadas que não dialogam com as comunidades” devem ser revistas.

“Precisamos de alternativas conjuntas, por exemplo, para essa seca, com uma perspectiva mais regional”, afirmou o executivo da organização sediada em Nova Iorque.

A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), por meio de sua gerente de Competitividade, Clarissa Alves Furtado, destacou que “as exportações são um vetor muito forte” também na região amazônica.

Das 14 mil empresas que a agência assessora por ano, 70% são PMEs e 10% são lideradas por mulheres, um número que a ApexBrasil pretende aumentar com treinamento e orientação.

Para a exportação de “produtos compatíveis com a floresta”, como pimenta, café, cacau e peixe, há “desafios logísticos, financeiros e regulatórios”, segundo ela.

Nesse contexto, na próxima semana, a ApexBrasil vai realizar um evento com rodadas de negócios com compradores internacionais e uma mesa redonda setorial sobre os desafios da cadeia produtiva amazônica.

Por fim, a Suzano, líder mundial na produção de celulose, destacou que seus bioprodutos são baseados em operações em 224 municípios, onde há 12 milhões de habitantes, sendo que 3,3 milhões vivem em situação de pobreza, muitas delas na Amazônia.

“Até 2030, esperamos tirar 200 mil pessoas da pobreza por meio de programas específicos para cada área” e com foco na educação, disse Marina Negrisoli, diretora de Desenvolvimento Sustentável da Suzano.

O I Fórum Latino-Americano de Economia Verde foi realizado nesta quinta-feira no Teatro Vivo, em São Paulo, e teve patrocínio de ApexBrasil e AkzoNobel, com o apoio da Câmara Oficial Espanhola de Comércio no Brasil e da Iberia.

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