Crescimento do turismo global continua inabalável

19/04/2017 06:30 Atualizado: 06/03/2018 15:07

Comércio não consiste apenas no transporte de contêineres da China para os Estados Unidos. Há também o comércio de serviços, por exemplo, e o turismo é uma parte importante disso. De acordo com um relatório do Fórum Econômico Mundial (FEM), o crescimento do turismo global continua inabalável, apesar do crescente nacionalismo.

“Num mundo em que ouvimos falar mais sobre muros e fronteiras, vemos o oposto no turismo”, disse Peter Vanham, porta-voz do FEM, na apresentação do Relatório de Competitividade de Viagens e Turismo de 2017, em Buenos Aires, Argentina, em 6 de abril.

O total de chegadas de turistas internacionais aumentou em 46 milhões para 1,2 bilhão em 2016. Quando cidadãos de uma nação deixam seu país para ficar em hotéis e visitar restaurantes em outro país, isso é contado como uma importação de serviços. Nem mesmo os Brexiters [os defensores da saída do Reino Unido da União Europeia] ou a administração Trump desejariam impedir que seus cidadãos desfrutassem de umas boas férias.

Quem recebe a maior fatia do turismo depende de quão bem o país atende aos gostos dos visitantes. Para isso, o relatório do FEM tem métricas diferentes, como infraestrutura, facilidade de viagem, atrações culturais e naturais, conectividade digital e preço.

Devido aos seus ricos recursos culturais e naturais, as nações europeias dominam seis posições do top 10, incluindo as três do topo, com a Espanha, França e Alemanha.

O ranking do Índice de Competitividade de Viagens e Turismo de 2017. (WEF)
O ranking do Índice de Competitividade de Viagens e Turismo de 2017. (WEF)

Os Estados Unidos caíram duas posições e agora ocupa o sexto lugar, mas o país ganhou mais dinheiro, com 488 bilhões de dólares gerados pelo turismo em 2016. A despesa por visitante nos EUA também é relativamente alta, ou 2.638 dólares, em comparação com os 1.054 dólares na Alemanha, por exemplo.

“Na Europa, muitas viagens internacionais são intra-Europa. Viagens curtas, viagens mais baratas, quando seus amigos podem hospedá-lo. Os Estados Unidos têm uma parcela significativa de viagens de negócios mais longas”, disse Roberto Crotti, um dos autores do relatório, ao Epoch Times.

O nível de preços, os requisitos de visto e um pequeno orçamento de marketing do governo tornam os Estados Unidos menos competitivos do que os três no topo. No entanto, seu tamanho e diversidade são vantagens, diz Crotti.

“Há muito a oferecer, uma boa combinação entre partes naturais, resorts de praia, esportes, eventos, concertos. Portanto, os países grandes têm essa vantagem; eles podem oferecer um leque maior de atividades turísticas. Se você quer ter experiências diferentes, você pode ir aos Estados Unidos, [e] ir às praias da Flórida até esquiar no Colorado.”

Os Estados Unidos também estão relativamente bem posicionados em conectividade, o que está se tornando cada vez mais importante para o turismo. Turistas, que estão usando seus telefones móveis cada vez mais para fazer reservas de viagem, esperam uma experiência eficiente entre a reserva e viajar. Eles, portanto, exigem redes Wi-Fi e de telefonia móvel que sejam estáveis, rápidas e abrangentes.

Esses são os critérios segundo os quais o FEM classifica os países em termos de competitividade turística. (FEM)
Esses são os critérios segundo os quais o FEM classifica os países em termos de competitividade turística. (FEM)

Além disso, a internet é uma poderosa ferramenta promocional. “Se você considerar quantas pessoas publicam fotos de suas férias em mídias sociais, você terá uma ideia do efeito da publicidade. O potencial para promover destinos específicos é incrível”, disse Crotti.

Semelhante ao comércio de produtos, os Estados Unidos e a Europa estão enfrentando forte concorrência da China, que saltou duas posições para o 15º lugar este ano. Crotti diz que a China está mais ativa na promoção de seus marcos naturais e culturais por meio de organizações internacionais, como a UNESCO.

“A China fez um bom trabalho listando seus locais na lista de patrimônios culturais. Se é protegido pela UNESCO, você tem interesse em vê-lo”, disse Crotti.

Assim, embora a China tenha muito trabalho a fazer em termos de sustentabilidade ambiental, bem como de infraestrutura, não há tempo para complacência por parte da Europa e dos Estados Unidos. Um envolvimento mais proativo e positivo do governo não prejudicaria, especialmente nos Estados Unidos, diz Crotti. “O número de atrações que você tem não importa, você tem que mostrar ao mundo o que você tem.”