Violência ligada às drogas no México pode ter mudado, mas não diminuiu

24/01/2012 17:25 Atualizado: 04/09/2013 18:52
Um soldado mexicano monta guarda em frente ao Instituto Forense de Guadalajara, México
Um soldado mexicano monta guarda em frente ao Instituto Forense de Guadalajara, México (Hector Guerrero/AFP/Getty Images)

Mesmo que os governos do México tenham dado sérios golpes contra os cartéis de drogas, eles não parecem estar reduzindo o ritmo tão cedo.

Um novo relatório da Stratfor, um grupo de análise da inteligência global, disse que, apesar de 2010 ser um ano recorde para a violência no México, 2011 foi provavelmente pior, com os Los Zetas eclipsando a entrincheirada Federação Sinaloa como o cartel mais poderoso no país.

De acordo com dados do governo, de janeiro a setembro de 2011, a violência no México parece ter sido igual ao ano anterior, se não pior. No entanto, uma vez que valores relativos ao último trimestre do ano sejam liberados e incorporados, a Stratfor espera que “o número de mortos em 2011 exceda o número sem precedentes de 2010”.

“Apesar de os relatos da mídia dizerem o contrário, podemos concluir que a violência no México não diminuiu substancialmente em 2011”, escreveu a Stratfor. O que parece ter acontecido é que os assassinatos e outras formas de violência por parte dos cartéis de drogas têm se “deslocado geograficamente, diminuindo em algumas cidades e piorando em outras”.

Ciudad Juarez, uma cidade notória localizada junta a El Paso, no Texas, conhecida por ser a cidade mais propensa a assassinatos na América do Norte, teve um declínio na violência. Houve 1.955 assassinatos registrados no ano passado, em comparação com 3.111 em 2010.

Esse decréscimo, escreveu a Stratfor, provavelmente foi compensado pelo aumento da violência em Veracruz, Monterrey, Durango, Nuevo Leon, Acapulco e outras cidades.

O relatório da Stratford foi publicado poucas semanas depois que o gabinete do procurador-geral mexicano divulgou as estimativas. O relatório dizia que 12.900 pessoas foram mortas nos primeiros nove meses de 2011, mas que apenas 1.206 foram mortas em Juarez, enquanto outras 800 morreram em Acapulco. Pelo menos 47.500 vidas já foram reivindicadas desde 2006, quando o presidente Felipe Calderon colocou o exército do país contra os cartéis.

Os dois cartéis mais proeminentes – Los Zetas, o maior deles; e a Federação Sinaloa – também têm assimilado operações de droga de menor porte, escreveu o grupo de inteligência. A Sinaloa ainda controla os arredores do México ocidental, enquanto que os Zetas controlam o Leste.

“As linhas de batalha no México não foram traçadas de forma absoluta e nem todas as entidades que se autodenominam um cartel juram fidelidade a um lado ou outro, mas uma polarização claramente está ocorrendo”, escreveu a Stratfor.

Embora ambos os cartéis sejam notoriamente violentos, os Zetas, formados há uma década por ex-oficiais militares, parecem usar força bruta na forma de intimidação, tortura e assassinato, mais do que a Sinaloa, que são mais propícios a subornos.

“A Sinaloa certamente pode e, de fato, recorre à violência cruel, mas a violência que utilizam é apenas uma das muitas ferramentas a sua disposição, não é sua tática preferida”, disse o relatório.

A Stratfor, citando dados do governo, disse que os Zetas parecem operar em 17 estados, enquanto que a Sinaloa, de base familiar, está presentes em 16 estados. Os Zetas são a força dominante no Sul da Península de Yucatan e recentemente se mudaram para os estados dos Zacatecas e Durango.

Em 2011, o cartel Sinaloa sofreu grandes perdas, pois pelo menos 10 de seus chefes foram presos ou mortos. Os Zetas também perderam um grande número de chefes, mas continuam sendo uma força a ser reconhecida, diz o relatório.

Nesse período, o governo mexicano parece manter o curso em lidar com os cartéis usando a força militar como seu braço, diz o relatório. O governo terá no próximo ano um momento muito difícil com a intermediação de uma trégua entre os Zetas e a Sinaloa, devido à raiva e a desconfiança entre as duas entidades.