As artes marciais têm cativado muito o ocidente desde os tempos de Bruce Lee e outros heróis dos filmes de kung-fu. No entanto, a ideia de utilizar a arte marcial somente para o combate é um grande equívoco, explicou o mestre de artes marciais, Longfei Yang, fundador da Associação Internacional de Artes Marciais Xin Wu Men.
De acordo com o Sr. Yang, 40 anos, as artes marciais estão profundamente enraizadas nas culturas antigas; são uma oportunidade de se reconectar com antigas tradições. Segundo ele, justamente para preservar essas tradições milenares, existe a Associação Xin Wu Men, fundada em 2008.
“Vivo na América para promover as artes marciais chinesas tradicionais, meu objetivo é que, por meio delas, eu possa ajudar as pessoas a entenderem como harmonizar e equilibrar o corpo e a mente com o universo”, disse Yang.
“O combate é apenas uma das partes das artes marciais. É apenas um tópico sobre aprender a se defender. Muito poucas pessoas usam as artes marciais para ficar lutando” (Sr. Yang ri). “A maioria das pessoas as aprendem para melhorar a saúde, manter a mente clara e o corpo em uma condição equilibrada”.
Sr. Yang começou seu treinamento em artes marciais aos seis anos de idade em Hohhot, capital da região autônoma da Mongólia Interior. Seu avô, Yang Jian Jiou, foi o seu primeiro mestre, passando-lhe a arte do movimento lento, Tai Chi Chuan. Com o passar do tempo, Sr. Yang deixou o “estilo de cultivo interno” (Tai Chi Chuan) para estudar com mestres de várias escolas de “estilos de cultivo externos”, incluindo Shaolin e Jeet Kune Do de Bruce Lee, “O modo de se interceptar o punho”.
Apesar de sua ampla formação, o Sr. Yang levou tempo para compreender o verdadeiro significado das artes marciais. “Eu pensava que arte marcial resumia-se a lutar, a fazer demosntrações. Quando se é jovem não se tem muito entendimento sobre as coisas”, disse ele. Foi um mestre com 60 anos de experiência em artes marciais de cultivo interno que mudou esse conceito enraizado em mim, disse Sr. Yang.
“Descobri que com todos os meus treinamentos, eu não conseguia realizar muita coisa. Descobri que não é através do quanto se treina, mas do quanto se entende”, disse ele. “Eu costumava pensar que as antigas tradições estavam muito longe do estilo de vida atual, mas não é verdade”.
“Se você deseja verdadeiramente aprender artes marciais, você realmente precisa aprender a compreender a si mesmo”, explicou o Sr. Yang.
As artes marciais de cultivo interno como Seven Star Mantis, Tai Chi Chuan e San Xi Ren Shi, incluem formas e posturas de meditação que devem ser praticadas por horas. Ele explicou que aprender a acalmar a mente e relaxar o corpo estão entre as habilidades mais difícil de dominar, mas a recompensa vai muito além de qualquer coisa praticada apenas para combate.
“Quando se chega a esse nível, você sente que não deseja lutar com ninguém. Em vez disso, você sente que tem um monte de coisas para aprender”, disse Sr. Yang, acrescentando que “quanto mais as pessoas entendem as artes marciais, mais humildes e pacíficas elas se tornam”.
“É muito melhor do que fazer musculação ou ir correr. Em muitos casos, pessoas que praticam exercícios geralmente sofrem de lesões corporais. Uma arte marcial de cultivo interno trabalha os órgãos, os canais de energia e os úsculos, todos de forma integrada. O melhor é aprender a se equilibrar. Isso lhe torna mais feliz, menos estressado”, ele disse.
“A maioria das pessoas agressivas, trabalham somente o físico. Elas não conseguem se controlar, porque o equilíbrio entre o interior e o exterior está quebrado”.
O Sr. Yang é o primeiro instrutor certificado de artes marciais do estilo “San Xi Ren Shi Seven Star” fora da China continental. Antes de chegar aos Estados Unidos, Yang passou um período ensinando na África do Sul. Atualmente, dá aulas em Manhattan e Queens, Nova York. O Sr. Yang escreveu vários livros sobre artes marciais e fez várias aparições na televisão.
Quando perguntado sobre aulas nos EUA, Sr. Yang respondeu: “Eu acho muito importante, hoje os países estão próximos uns dos outros e querem entender melhor outras culturas. Tudo está muito rápido, mais moderno. Na verdade, as pessoas tem menos qualidade de vida”.
“Os jovens precisam ter algum tipo de arte ou cultura tradicional como referência de estudo, isso não só ajuda entender como equilibrar a vida, mas ensina como respeitar o próximo, como compartilhar o conhecimento e como ter bondade com os outros”, disse ele.
A cultura da China antiga era muito avançada. Os chineses acreditam que ela foi transmitida pelos céus, afirma Sr. Yang. “Em nossa cultura [chinesa] nós chamamos isso de ‘os deuses deixando uma mensagem através da cultura’. Hoje, muitos cientistas investigam os sistemas de energia do corpo, porém eles não entendem como essas coisas apareceram na cultura chinesa”.
Segundo o Sr. Yang, os cientistas não conseguem entender essas coisas inerentes a cultura chinesa, porque eles não entendem que “na verdade, vemos que o universo e os seres humanos são um só”.
“Nos tempos antigos, as pessoas eram mais naturais e mais poderosas do que hoje. Atualmente, devido à crença das pessoas em seus telefones, computadores e outras máquinas, elas realmente perderam a crença em si mesmo. Acreditam que esses objetos podem desenvolver coisas, mas elas não acreditam que são superiores a eles”, afirma Sr. Yang.
“Nossos cérebros são realmente mais rápidos do que os computadores, mas não sabemos como utiliza-los totalmente. Em nossos treinamentos trabalhamos bastante o ponto sobre como compreender si mesmo e o universo”.
Veja abaixo outro vídeo do Mestre Li Shu Shen, membro da Associação Xin Wu Men, demonstrando o estilo “Shanxi 7 Star Praying Mantis”: