Usinas nucleares dos EUA dependem de subprodutos de armas nucleares da China e Rússia

24/10/2013 10:10 Atualizado: 07/11/2013 23:26

As usinas nucleares dos EUA dependem de lítio-7 para resfriar reatores e gerar eletricidade. No entanto, as únicas fontes deste ingrediente são a China e a Rússia, que o produzem como subproduto de seus programas de armas nucleares.

A oferta limitada de lítio-7 coloca um limite no número de possíveis reatores nucleares nos Estados Unidos e, segundo um relatório recente do Escritório de Responsabilidade Governamental (GAO), suprimentos da China e da Rússia podem estar acabando.

O lítio-7 é um subproduto do lítio-6, que é utilizado em programas de armas nucleares. Os EUA costumavam produzir seu próprio suprimento no Complexo de Segurança Nacional Y-12, em Oak Ridge, Tennessee, no entanto, pararam a produção em 1963, devido a riscos à saúde. Embora outros métodos estejam sendo testados, a produção de lítio-7 requer grandes quantidades de mercúrio.

Quase 13% da oferta de energia nos EUA vem de usinas nucleares que dependem de lítio-7, que “esfria o núcleo dos reatores para evitar que a água de refrigeração se torne ácida”, diz um resumo do relatório. E observa que, sem o lítio-7, a água nos reatores se tornaria mais ácida, corroendo as tubulações e outras infraestruturas e “possivelmente fazendo-as falhar”.

O relatório levanta a preocupação de que a Rússia e a China sejam as únicas fontes e afirma que um dos principais problemas é que “pouco se sabe sobre a produção de lítio-7 na China e na Rússia e se suas fontes podem atender a futura demanda doméstica”. Não se sabe quanto lítio-7 cada país produz ou se a oferta continuará.

Todos os 65 reatores de água pressurizada nos EUA usam coletivamente 300 kg de lítio-7 anualmente. No entanto, a China está desenvolvendo um novo reator para uso próprio, que precisa de milhares de quilogramas de lítio-7 por ano para operar.

A China e a Rússia produzem lítio-7 suficiente para atender a demanda norte-americana, mas o relatório cita um especialista “familiarizado com os planos da China”, dizendo que a China pode cortar o fornecimento aos Estados Unidos para alimentar os próprios reatores nucleares.

Levaria cerca de cinco anos e pelo menos US$ 10 milhões para que os Estados Unidos construam uma fábrica que possa começar a produzir seu próprio lítio-7.

No entanto, a oferta já pode estar se esgotando. Em junho, três corretores de lítio-7 disseram aos Estados Unidos que estavam tendo problemas para obtê-lo de seus fornecedores russos. Um fornecedor chinês também disse aos corretores que não havia material para vender.

O relatório do GAO foi solicitado pelo congressista Dan Maffei (D-NY), membro da Subcomissão de Supervisão da Comissão de Ciência, Espaço e Tecnologia.

Uma postagem no website Maffei afirma: “Se isso é uma interrupção temporária ou um padrão de futura escassez de abastecimento ainda não está claro, mas o potencial de futuros problemas de abastecimento de lítio-7 é nítido. Esses eventos devem ser sinais de alerta para o Programa de Isótopos do Departamento de Energia.”