Uigures muçulmanos reprimidos na China, diz relatório

06/05/2013 15:32 Atualizado: 06/05/2013 17:31
Imagem do relatório sobre a repressão promovida pelo PCC aos uigures muçulmanos, principalmente na província noroeste de Xinjiang (The Epoch Times)

Reprimidos por mais de seis décadas, eles frequentemente parecem ser uma minoria esquecida na China. Um recente relatório sobre os abusos dos direitos humanos contra o povo uigur fornece um relato exaustivo e meticuloso de como as autoridades comunistas chinesas controlam e restringem atualmente suas práticas religiosas e cultura.

Os uigures são um grupo minoritário baseado principalmente na Região Autônoma de Xinjiang. Eles praticam o que o relatório chama de “forma moderada do Islã” e sua fé islâmica é o que define sua identidade cultural. O novo relatório foi publicado pelo Projeto Direitos Humanos Uigures, um grupo de pesquisa e defesa com sede em Washington DC.

Um exemplo de como o Partido Comunista Chinês (PCC) lida com uigures ocorreu em 10 de maio de 2009, quando a polícia invadiu uma reunião de sete estudantes universitários uigures, que se reuniam para discutir questões religiosas, segundo o relatório. Alguns foram detidos por 15 dias e receberam multas pesadas, enquanto dois deles, com idades entre 24 e 27 anos, estão presos desde meados de 2009. Ninguém ouviu falar deles ou sabe onde estão.

O regime chinês também restringe o que seriam as escolhas de estilo de vida – como quanto tempo crescer sua barba ou mesmo se eles podem comer ou não em determinados momentos do dia. Ambas as práticas têm significado religioso para os uigures, mas as autoridades as proíbem.

Os líderes religiosos recebem o que o PCC chama de “educação política”, um processo que pode ser chamado de lavagem cerebral, onde eles são forçados a estudar e recitar as doutrinas do PCC. Cópias do Corão, o texto religioso do Islã, são ilegais e apenas versões do texto que tenham sido aprovadas e presumivelmente alteradas pelas autoridades são permitidas para a pregação.

Muitas das restrições e abusos identificados pela associação derivam da lei criada pelo regime em 2005, chamada Regulamentos sobre Assuntos Religiosos. “Os regulamentos são a tentativa mais abrangente do governo chinês de regular a prática religiosa na história”, escrevem eles.

Essas leis resultam de uma mudança na propaganda estatal sobre a necessidade de reprimir os uigures, que ocorreu após o 11 de setembro, os ataques de 2001 nos Estados Unidos. Antes disso, havia leis especificas para restringir atividades uigures e campanhas policiais de “repressão dura” eram rotineiramente realizadas. Depois do 11 de setembro, os uigures foram taxados de terroristas e passaram a constituir as “três forças do mal”, ou seja, “separatismo, extremismo religioso e terrorismo”.

A teia de leis criadas pelas autoridades “tiveram o efeito de criminalizar práticas religiosas pacíficas entre os uigures, equivalendo-as a atividades ilícitas e violentas”, dizem os autores. Antes de as restrições sobre atividades religiosas uigures serem codificadas e delimitadas como uma questão de segurança nacional, houve uma história de repressão menos regulamentada pelas autoridades comunistas.

Antes de ser conquistada pelo Exército da Liberação Popular em 1949, a Segunda República do Turquestão Oriental, como era chamada na época, era um país grande e independente. Após a conquista, os uigures denunciaram violações graves dos direitos humanos, inclusive que seu território foi usado para testes nucleares a céu aberto, que teriam provocado mortes generalizadas e câncer. Uigures também teriam sido usados como cobaias para a colheita forçada de órgãos de pessoas vivas no início da década de 1990, antes que as práticas fossem aplicadas em larga escala contra prisioneiros de consciência praticantes do Falun Gong, segundo a pesquisa de Ethan Gutmann.

Os autores dizem que seu relatório “Direito Sagrado Profanado” é “a primeira documentação sistemática da repressão da religião uigur publicada por um grupo de direitos humanos desde 2005”.

“O sistema criminal-legal altamente politizado da China, bem como seu aparato estatal que governa e monitora a religião, têm garantido uma interpretação e implementação estritas da regulação religiosa muitas vezes formulada vagamente no Turquestão Oriental”, diz o relatório. “Com efeito, os órgãos instituídos pelo Estado chinês para supervisionar os assuntos e a administração religiosa na China fazem pouco para proteger os crentes religiosos, mas ajudam o governo a reprimir a liberdade religiosa, ajudando a formular e promover regulamentações restritivas.”

Para aqueles que desafiam as autoridades na prática de sua religião, a cadeia os espera, diz o relatório.

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