‘Turistas de parto’ chinesas ganham atenção das autoridades dos EUA

12/09/2013 15:26 Atualizado: 12/09/2013 15:26
Uma mulher grávida em Hong Kong. Chinesas grávidas do continente frequentemente vão a Hong Kong e aos Estados Unidos para dar à luz e assim evitar a política do filho-único e ganhar outros benefícios (Aaron Tam/AFP/Getty Images)
Uma mulher grávida em Hong Kong. Chinesas grávidas do continente frequentemente vão a Hong Kong e aos Estados Unidos para dar à luz e assim evitar a política do filho-único e ganhar outros benefícios (Aaron Tam/AFP/Getty Images)

Autoridades norte-americanas estão ficando mais rígidas em relação às mulheres grávidas chinesas que visitam as Ilhas Marianas do Norte para dar à luz. No que é chamado “turismo de parto”, futuras mães podem ao mesmo tempo evitar as penalidades impostas pela política de filho-único na China e obter cidadania norte-americana para seu recém-nascido.

Eloy Inos, governador das Marianas do Norte, disse à Saipan Tribune que os agentes de imigração enviaram de volta cerca de 20 “turistas de parto” nos últimos três a quatro meses por causa de “problemas de documentação”. Em agosto, uma turista grávida chegou à noite num voo de Shanghai e foi mandada de volta na manhã seguinte. Sua guia de viagem Fenny He disse à Tribune que a mulher “se recusou a ouvir”, quando ela a aconselhou a não ir.

O número de mulheres que dão à luz na cadeia de ilhas, localizada entre as Filipinas e o Havaí, aumentou bastante nos últimos dois anos, segundo um artigo do Marianas Variety. Isto é devido à cláusula de proteção constitucional que concede cidadania a todos aqueles que nascem em solo americano. O território dos EUA inclui as Ilhas Marianas do Norte, que foram cedidas pelo Japão após a 2ª Guerra Mundial.

Hoje, o território é um polo turístico. Numa exceção às leis de imigração dos Estados Unidos, destinadas a incentivar o turismo, os cidadãos chineses têm permissão para visitar Saipan e outras ilhas das Marianas do Norte por até 45 dias sem visto. De acordo com o USA Today, o número total de chegada de chineses em 2012 já foi superado até julho deste ano, ou seja, até julho de 2013 uns 11 mil chineses já visitaram as ilhas. Não se sabe quantos deles são turistas de parto.

Evitar as penalidades associadas com violação da política do filho-único, que foi introduzida pelo regime comunista chinês em 1979, parece ser a principal motivação do turismo de parto.

He Peihua, chefe-adjunto do escritório de advocacia Guangdong International Business, disse a mídia chinesa Diário Metropolitano do Sul que, se uma família chinesa tem seu primeiro filho na China e o segundo nos EUA, isso não constitui uma violação dos regulamentos de planejamento familiar da China.

De acordo com o artigo do Diário, uma internauta com pseudônimo ‘Grande Mãe’ escreveu: “Estou planejando dar à luz nos Estados Unidos. Fiz uma pesquisa em várias fontes para me certificar de que não violaria as normas. Dar à luz nos Estados Unidos é o melhor caminho.”

Ela acrescentou: “Há muitos centros geridos por taiwaneses nos Estados Unidos. Leva dois meses para se preparar para o parto e um mês depois disso. Você pode voltar para a China depois de três meses.”

Outra internauta citada no artigo disse que deu à luz nos Estados Unidos para evitar a política do filho-único – para que seu filho não fique sem a companhia de um irmão.

Sohu, um portal da internet chinesa, listou 10 razões para o povo chinês considerar dar à luz nos Estados Unidos: cidadãos americanos têm direito a pensão de aposentadoria, por exemplo, mesmo que nunca voltem aos Estados Unidos e tem melhores oportunidades para frequentar prestigiadas universidades americanas.

Os americanos podem visitar mais de 180 países sem visto, observou o Sohu, enquanto titulares de um passaporte da República Popular da China só podem entrar sem visto num punhado de países africanos e do Sudeste Asiático.