Tem havido muita discussão sobre a introdução crescente dos transgênicos e dos organismos geneticamente modificados (OGMs) nas diferentes instâncias da vida humana e no meio ambiente.
Depois do advento da engenharia genética e com a consolidação da biotecnologia moderna – a tecnologia de obter benefícios e recursos utilizáveis a partir de organismos biológicos – o desenvolvimento de OGMs e transgênicos tornou-se um foco extremamente importante para a ciência e a indústria. As enormes perspectivas de manipulação e direcionamento das estruturas da vida (o material genético presente nas células) para produção de meios e bens de consumo prometem facilitar a vida humana e incrementar os negócios.
Graças aos surpreendentes resultados inovadores obtidos pela biotecnologia, especialmente dentro da engenharia genética – com a criação dos OGMs e dos transgênicos – criaram-se expectativas e promessas sobre uma revolução tecnológica que ajudaria a resolver muitos problemas fundamentais da humanidade e transformaria a vida no planeta.
Mas, na verdade, quais têm sido os resultados reais dos OGMs e dos transgênicos para a vida humana, para as demais espécies e o planeta depois de sua introdução na vida humana e no ecossistema?
Porém, antes de mais nada, precisamos esclarecer a diferença e as similitudes entre os OGMs e os transgênicos.
OGMs e transgênicos
Em termos gerais, um OGM é um ser biológico (semente, planta, inseto, animal) que sofreu alguma mudança artificial em seu material genético, mediante manipulação da engenharia genética. Se esta alteração consistiu apenas em mudanças na estrutura ou na função do próprio material genético do organismo, mas não introduziu nenhum material genético de outra espécie no material genético original, então esse organismo é considerado somente um OGM. Mas, caso tenha havido, durante essa alteração, a introdução de material genético de uma espécie biológica diferente no material genético original do organismo, então esse organismo passa a ser um organismo transgênico.
Assim, todo organismo transgênico é um OGM, já que sofreu alterações genéticas artificiais. Porém, um OGM só se torna um transgênico se houver recebido uma transferência genética de uma outra espécie nesse processo de manipulação .
Em princípio, a grande aplicação da técnica de produção de transgênicos é a produção de alimentos, e em especial de sementes (grãos), já que estas estão na base da produção e do consumo humano e formam a base da economia do mundo.
Sendo assim, os cientistas industriais alteram o material genético de sementes como o milho, a soja, a canola e outros, introduzindo-lhes material genético de animais, plantas, insetos etc, para que sejam mais resistentes a pragas e herbicidas, tornando-os, portanto, mais produtivos. Como diz o Ministério da Agricultura do Brasil, “Essas culturas são direcionadas para maior nível de proteção das plantações, por meio da introdução de códigos genéticos resistentes a doenças causadas por insetos ou vírus, ou por um aumento da tolerância aos herbicidas.”
Promessas e dúvidas
Existe uma afirmação de que, depois de serem geneticamente modificadas, essas sementes transgênicas serão mais resistentes às pragas e mais tolerantes ao uso de herbicidas. Então, em princípio, isso parece um alento e tanto para os agricultores em todo o mundo, já que o uso de herbicidas não afetará suas plantas e essas serão mais resistentes às pragas.
De acordo com a ‘Earth Open Source’ – uma organização sem fins lucrativos dedicada a garantir a sustentabilidade, a defesa e a segurança do sistema alimentar global -, muitas outras promessas como essas sobre os transgênicos e OGMs foram feitas pelas indústrias, entre elas:
Eles não apresentam riscos diferentes dos das culturas naturais
São seguros para o consumo e até podem ser mais nutritivos que os naturais
Têm normas de segurança estritamente seguras
Aumentam o rendimento das culturas
Reduzem o uso de pesticidas
Beneficiam os agricultores e tornam suas vidas mais fáceis
Propiciam benefícios econômicos
Beneficiam o meio ambiente
Ajudarão a alimentar o mundo
Essas afirmações precisam ser mantidas na memória, porque as abordaremos de forma clara em nossos próximos artigos, confrontando-as com os fatos e denúncias sobre as indústrias de transgênicos.
De acordo com denúncias públicas, documentos e comprovações, a realidade tem se mostrado bastante diferente para comunidades, agricultores, criadores, que foram intimidados, usurpados em seus direitos e afetados economicamente por indústrias de transgênicos. Da mesma forma, de acordo com recentes pesquisas de cientistas idôneos e investigadores competentes, pessoas, animais e plantas sofreram doenças ou mutações genéticas aberrantes devido ao uso de transgênicos e de herbicidas fabricados por essas mesmas indústrias.
Algumas denúncias são gravíssimas: patentes que levam à criação de monopólio dessas indústrias para o controle dos alimentos em escala mundial; alteração de leis que regulam os transgênicos (por coerção, intimidação e suborno); fraudes e alterações dos resultados de pesquisas sobre o consumo dos transgênicos na saúde; comprovações científicas sobre os riscos reais da alimentação transgênica, entre outras.
Os assuntos são bastante sérios e precisam ser evidenciados e esclarecidos, já que suas implicações são cruciais para os atuais rumos da sociedade, das diferentes comunidades, da economia global e, especialmente, para evitarmos uma tirania sem precedentes no âmbito da alimentação mundial, além de um desastroso e irreversível resultado na saúde humana (que mostra seus primeiros sinais nos estudos científicos feitos sobre os alimentos em animais).
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Alberto Fiaschitello é terapeuta naturalista e cientista social