Rebeldes no Mali anunciam cessar-fogo e o fim da ofensiva

07/04/2012 03:15 Atualizado: 06/09/2013 00:10
Amadou Sanogo, o líder da junta-militar do Mali, fala a partidários no aeroporto de Bamako (Issouf Sanogo/AFP/Getty Images)
Amadou Sanogo, o líder da junta-militar do Mali, fala a partidários no aeroporto de Bamako (Issouf Sanogo/AFP/Getty Images)

O principal líder do grupo rebelde tuaregue, que lançou ataques no norte de Mali, anunciou um cessar-fogo com as forças do governo na quinta-feira, apenas um dia depois de um pedido das Nações Unidas.

Um porta-voz do grupo rebelde Movimento Nacional para a Libertação do Azawad (MNLA), que busca controlar sua terra ancestral, disse que tinha atingido seu objetivo depois de tomar uma série de cidades, incluindo a antiga Timbuktu.

“Desde anteontem, quando nossas unidades atingiram Douentza, que consideramos ser a fronteira [da região do Azawad], a ofensiva militar está declarada encerrada”, disse Moussa Ag Assarid de Paris, segundo informou Al Jazeera.

Não está claro se o grupo islâmico Ansar Dine, que teria lutado ao lado dos rebeldes tuaregues, parará de lutar. Ansar Dine tem sido associado a um ramo da Al-Qaeda no Norte da África e impôs a lei sharia em algumas cidades.

Duas semanas atrás, um golpe liderado pelo Capitão Amadou Sanogo derrubou o governo do Mali, citando o que ele descreveu como incompetência em lidar com os tuaregues. Sanogo chamou os poderes regionais e internacionais para ajudar a lidar com a rebelião no Mali, mas não recebeu qualquer ajuda.

Em vez disso, o golpe serviu para encorajar os rebeldes a lançar ataques ainda mais ousados sobre várias cidades, e agora eles controlam uma área geográfica maior que a França. Al Jazeera informou que apenas cerca de 1.000 combatentes constituem o exército tuaregue, dos quais alguns membros lutaram na guerra civil da Líbia no ano passado.

Sanogo, em entrevista ao jornal francês Liberation, disse que “as portas do diálogo” com os rebeldes estão abertas, “mas não vamos negociar a integridade do território do Mali.”

Ele acrescentou que a insurreição no norte do Mali “já não é uma mera rebelião”, mas é constituída por “grupos islâmicos que se estabeleceram no norte do país”. Se os militantes forem deixados com seus estratagemas, Sanogo disse: “A África e mundo sofrerão as consequências.”

O bloco regional da Comunidade Econômica dos Estados do Oeste Africano (CEEOA) impôs um embargo comercial sobre o Mali no início desta semana, exortando a seus líderes que restaurem a democracia e defendam a Constituição.

Alain Juppe, o ministro das Relações Exteriores da França, um dos principais apoiadores financeiros do Mali antes do golpe, disse na quinta-feira que a França está “pressionando fortemente os rebeldes e os líderes do golpe para acabarem com a crise”, segundo um comunicado. Ele rejeitou a ideia de que a França deveria intervir militarmente para pôr fim à rebelião.

“Nós apoiamos todos os esforços da CEEOA, incluindo os preparativos para uma ação militar”, disse ele, referindo-se a relatos de que países do bloco colocarão suas forças militares em prontidão para lidar com a insurreição tuaregue se necessário.

Em meio a toda a luta interna, na quarta-feira, o Conselho de Segurança das Nações Unidas expressou preocupações sobre a deterioração da situação humanitária no Mali.

Num comunicado, um oficial do Conselho de Segurança, o Embaixador Jeffrey DeLaurentis, exortou a todas as partes envolvidas “que permitam o acesso de ajuda humanitária de forma oportuna, segura e sem obstáculos para os civis em necessidade.”

Batalhas no norte deslocaram mais de 200 mil pessoas desde janeiro, com cerca de 93 mil deslocados internamente.

O Conselho acrescentou que há necessidade de “uma mobilização crescente da comunidade internacional para apoiar os esforços humanitários” e ficou alarmado sobre os relatos de que a Al-Qaeda estava operando em conjunto com os rebeldes tuaregues.