Rápida propagação de diferentes vírus da gripe na China causa pânico

12/02/2014 14:51 Atualizado: 12/02/2014 14:51

Vários vírus da gripe, incluindo a gripe aviária e a gripe suína, que rapidamente se espalharam para oito províncias chinesas, incluindo os distritos de Pequim e Shanghai, estão ganhando ritmo dia a dia e causando pânico nacional. Pelo menos 181 casos humanos do vírus influenza, com 38 mortes foram confirmados desde janeiro, segundo dados compilados a partir de relatórios das autoridades locais.

A partir de 9 de fevereiro, 179 casos de gripe aviária H7N9 foram relatados, com 37 mortes, além de um caso fatal de gripe suína H1N1 e um caso de gripe aviária H10N8. Os 179 casos registrados nos primeiros 40 dias deste ano já ultrapassam o número total oficial na China em 2013, de 146 casos de H7N9, incluindo 45 mortes.

Propagação do H7N9

O primeiro caso comprovado de infecção humana do H7N9 surgiu no Leste da China em março passado. O vírus ressurgiu em outubro e difundiu-se rapidamente desde janeiro, principalmente no Sudeste da China. De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CCPD) da China, em média, 5-7 casos de H7N9 são relatados diariamente, e os números continuam crescendo.

A província de Zhejiang reportou a maioria dos casos, 77 no total, com 12 mortes confirmadas. Li Lanjuan, professor e médico-chefe do 1º Hospital Afiliado da Faculdade de Medicina da Universidade de Zhejiang, prevê um grande aumento nas infecções neste inverno.

“O vírus da gripe H7N9 é conhecido por ser mais ativo no inverno. Haverá um aumento do número de casos nos próximos meses na província de Zhejiang, ainda maior do que os casos que estão sendo reportados”, disse Li, citado pelo Zhejiang News Online.

De acordo com a sede da Organização Mundial de Saúde (OMS) em Genebra, desde 28 de janeiro, a taxa de letalidade de todos os casos confirmados em 13 províncias e municípios no Leste da China, em Hong Kong (Região Administrativa Especial da China) e pelo CCPD Taipei é de 22%, mas muitos infectados permanecem hospitalizados.

Pânico

À medida que o número de mortos vítimas do H7N9 sobe, tem havido crescente pânico entre o público. “Todos estão em pânico sobre a gripe aviária”, disse Shen Jianmin, residente na província de Zhejiang. “Preocupados com a pandemia de influenza mortal, as pessoas usam máscaras o tempo todo e evitam aves ou carne.”

Entre as 37 mortes confirmadas está um cirurgião de 31 anos do Hospital Popular da Nova Zona de Pudong Shanghai. Sua morte pela gripe aviária foi identificada em 18 de janeiro, mas a fonte de infecção permanece desconhecida. A residente de Shanghai, sra. Li, disse ao Epoch Times: “Mesmo um médico como paciente não pôde ser tratado com sucesso, para não falar das pessoas comuns.”

A sra. Li também duvida da precisão das mortes relatadas. “O governo definitivamente não informou o número real de mortos”, disse Li. “Agora, todos os grandes hospitais em Shanghai estão cheios de pacientes com sintomas de gripe. Estamos com muito medo da disseminação da gripe aviária, nem nos atrevemos a ir a um hospital para tratamento de doenças menores”, acrescentou ela.

Uma médica no hospital onde o cirurgião faleceu, falando na condição de anonimato, disse: “Uma vez que o vírus H7N9 é mais transmissível e difícil de detectar do que a gripe aviária H5N1, nós médicos tememos a possibilidade de transmissão desse vírus de humano para humano.”

O sr. Ye, um residente de Guangdong, a província com o segundo maior número de casos – 60, com 13 mortes registradas desde agosto do ano passado –, disse ao Epoch Times: “O aumento dos casos de gripe aviária levantam preocupações sobre o potencial de infecções mais generalizadas e da transmissão entre humanos. Assim, a venda de frango vivo está proibida aqui e até mesmo restaurantes removeram o frango de seus menus.”

O sr. Yuan, um residente de Pequim, disse ao Epoch Times que as pessoas sentem medo com a simples menção da gripe aviária. Elas nem sequer se atrevem a comer frango ou ovos, e tentam ficar em casa por medo de pegarem a gripe aviária, disse ele.

Vários casos de infecção entre familiares também foram relatados, indicando a transmissão entre pessoas. Se o vírus sofrer mutação para uma forma que possa passar diretamente entre os seres humanos, isso pode resultar numa doença que se espalhe rapidamente, causando epidemias globais, segundo Chen Taoan, ex-diretor da Divisão de Informação do CCPD de Shanxi.

Tipos de vírus

De acordo com o CCPD dos EUA, há três tipos de vírus da gripe, classificados A, B e C. Apenas influenza dos tipos A e B, que se espalham rotineiramente entre as pessoas, são responsáveis por epidemias sazonais de gripe a cada ano.

O tipo A do vírus da gripe se subdivide ainda mais a partir de duas proteínas na superfície do vírus, a hemaglutinina ou proteína “H” e a neuraminidase ou proteína “N”. Há 18 subtipos H conhecidos (H1 a H18) e 11 subtipos N conhecidos (N1 a N11), possivelmente gerando 198 combinações diferentes destas proteínas, como H1N1 e H7N2.

De acordo com a OMS e o CCPD, as aves aquáticas selvagens, nomeadamente certos patos selvagens, gansos e cisnes, são hospedeiros naturais de todos os vírus A da gripe conhecidos. Vírus da gripe do tipo A infectam uma variedade de espécies de aves e mamíferos, como porcos e cavalos, enquanto as infecções do tipo B e C são em grande parte restritas aos seres humanos.

Eles indicam que a maioria dos subtipos atualmente identificados de vírus A da gripe está em populações de aves selvagens. Os seres humanos são geralmente infectados por vírus dos subtipos H1, H2 ou H3 e N1 ou N2. No entanto, os seres humanos também podem ser infectados com o vírus da gripe que rotineiramente circula em animais, como subtipos H5N1 e H9N2 do vírus da gripe aviária e subtipos H1N1 e H3N2 do vírus da gripe suína.

“Normalmente, estas infecções humanas de gripe zoonótica são adquiridas por meio do contato direto com animais infectados ou ambientes contaminados, e não se espalham muito amplamente entre humanos. Se tal vírus adquiriu a capacidade de se espalhar facilmente entre as pessoas, quer por meio da adaptação ou da aquisição de certos genes de vírus humanos, isso poderia provocar uma epidemia ou pandemia”, disse a OMS.

Fonte desconhecida

O H7N9 tem sido identificado como o vírus mais letal de influenza. “Quando olhamos para os vírus da gripe, este é um vírus extraordinariamente perigoso para os seres humanos”, disse Keiji Fukuda, diretor-geral-assistente da OMS para Segurança de Saúde e Meio Ambiente, em abril passado.

Um dos maiores problemas com o H7N9 é que a fonte de infecções humanas não foi identificada ainda. Em seu artigo publicado em maio de 2013 na revista The Lancet, pesquisadores chineses revelaram que o vírus H7N9, com base em experiências passadas e investigação epidemiológica, pode ser transportado por aves infectadas, mas cerca de 40% dos pacientes não tiveram contato com aves. A descoberta implica que é mais difícil evitar a propagação da infecção.

Como o vírus H7N9 não parece causar sintomas clínicos em aves infectadas, ligações claras entre as infecções em aves e casos humanos têm sido difíceis de estabelecer, segundo a OMS.

A ausência de sintomas da doença em aves portadoras do vírus H7N9 também faz com que seja impossível de detectar se as aves estão infectadas, mostrando aos especialistas poucos sinais sobre onde a gripe pode se espalhar e tornando o vírus extremamente difícil de detectar, segundo uma pesquisa publicada em janeiro de 2014 no jornal médico chinês CMJ.org.

“Pode ser que animais infectados não apresentem o vírus por alguns dias, por isso é uma questão de sorte se você os testa e encontra. Pode ser que eles não estejam testando espécies animais suficientes, e talvez eles tenham de olhar as espécies menos comuns de pássaros que são vendidas nos mercados chineses”, diz Ho Pak-leung, professor-associado do Departamento de Microbiologia da Universidade de Hong Kong, conforme citado no jornal.

Ocultação deliberada

Muitas pessoas têm especulado sobre o número oficial de casos de H7N9 relatados pelas autoridades chinesas. De acordo com a médica de Shanghai que falou com o Epoch Times em condição de anonimato, os dados oficiais chineses são usados para manter a estabilidade social e evitar o pânico entre o público. Por isso, as autoridades frequentemente retêm o verdadeiro número de pessoas infectadas do conhecimento público.

“O Secretaria Municipal de Saúde de Shanghai nos instruiu a ‘relatar o que você deve e não informar o que você não deve’, pois isso é uma grande questão, que tem impacto internacional”, acrescentou a médica.

Zhu Xinxin, ex-editor da estação de rádio Povo de Hebei, comentou ao Epoch Times a respeito dos relatos oficiais da mídia chinesa sobre a situação de epidemia: “Casos esporádicos estão sendo relatados por províncias e municípios diferentes, sem um número total de casos publicado pelo Estado. Esta é uma medida comumente empregada pelo regime comunista chinês. Eles tendem a ver o Ano Novo Chinês como uma grande ocasião de vendas que ajuda a aumentar o produto interno bruto [PIB].”

“Se eles relatam a verdadeira dimensão da epidemia, eles temem que isso cause alarme público generalizado. Consequentemente, a rede nacional de produção industrial seria duramente atingida e as vendas domésticas deslizariam perigosa e significativamente, fazendo com que a fraca economia fosse devastada. Em seguida, um grande pânico econômico poderia varrer a nação e despencar o PIB.”

A funcionária que atendeu ao telefone no CCPD China disse que, desde o segundo semestre do ano passado, as autoridades adotaram uma tática de ocultação para combater o H7N9 na China, eles usam um sistema de relatórios mensais, que segue as diretrizes do Partido Comunista Chinês, em vez de relatórios diários atualizados.

Questionada sobre a taxa de mortalidade real, a funcionária disse: “Dados de janeiro serão publicados no dia 10 de fevereiro. Os registros verdadeiros de janeiro são muito maiores do que o informado para aquelas províncias. Eu não posso informar isso, no entanto.” De acordo com outro funcionário do CCPD China, houve mais casos humanos de H7N9 em Pequim, mas o número verdadeiro é desconhecido.