Líderes chineses desmantelam último bastião de Jiang Zemin

12/09/2012 09:52 Atualizado: 07/01/2015 14:39

Com a nomeação de um novo chefe para o Departamento de Trabalho da Frente Unida, um golpe decisivo foi dado na luta dos bastidores pela supremacia no Partido Comunista Chinês (PCC), segundo uma fonte confiável em Pequim. De Hong Kong até as ilhas Senkaku, o Departamento da Frente Unida tem sido a causa de problemas contínuos para o líder chinês Hu Jintao e o premiê Wen Jiabao e uma possível ameaça a seus planos de nomear a nova liderança do PCC no próximo 18º Congresso Nacional, segundo uma fonte.

O anúncio de 1º de setembro de que Ling Jihua, o chefe de gabinete de longa data de Hu Jintao, assumiria o comando do Departamento da Frente Unida provocou muita especulação em Pequim. A Frente Unida é acusada de isolar e atacar os inimigos do PCC, particularmente fora da China, através da formação de alianças com grupos da sociedade de afiliação desconhecida com o PCC.

O movimento foi considerado um rebaixamento para Ling Jihua, que era considerado um provável candidato ao Politburo e, eventualmente, ao Comitê Permanente do Politburo, o grupo de nove que rege o PCC. Ling Jihua era o assessor de maior confiança de Hu Jintao, servindo-o bem como chefe de gabinete e liderando o desmantelamento da rede de oficiais leais a Bo Xilai, um membro desgraçado do Politburo.

Na verdade, a nomeação de Ling Jihua para a Frente Unida é uma continuação de seu trabalho na oposição àqueles leais a Bo Xilai e à facção do PCC criada pelo ex-líder chinês Jiang Zemin, na qual Bo Xilai foi uma figura principal.

Du Qinglin, o homem que Ling Jihua substituiu, é um membro da facção de Jiang Zemin e usou seu cargo na Frente Unida para fomentar esquemas destinados a retornar a facção de Jiang Zemin ao poder.

A facção de Jiang Zemin foi dominante no PCC desde a década de 1990 e, durante a maior parte do mandato de Hu Jintao como chefe do PCC, a facção limitou consideravelmente o que ele poderia fazer.

A facção de Jiang Zemin foi atacada por Hu Jintao e o primeiro-ministro Wen Jiabao desde que Wang Lijun, o ex-chefe de polícia de Chongqing, fugiu para o consulado dos EUA em Chengdu em 6 de fevereiro. Wang Lijun teria revelado crimes do seu chefe Bo Xilai e de Gu Kailai, a mulher de Bo Xilai e, mais importante, um plano de Bo Xilai e do chefe da segurança pública chinesa Zhou Yongkang para substituir Xi Jinping, o indicado próximo chefe do PCC.

Além de outras ações tomadas por Hu Jintao e Wen Jiabao para drenar o poder da facção de Jiang Zemin: Bo Xilai foi removido de seus cargos no PCC e colocado sob investigação; comparsas de Bo Xilai foram removidos; Zhou Yongkang manteve seu título como chefe do Comitê dos Assuntos Político-Legislativos (CAPL), mas o poder real do CAPL foi dado a outros; o CAPL mesmo foi reestruturado para reduzir seu poder no PCC; e a liderança militar foi reconfigurada com pessoas leais a Hu Jintao assumindo as posições mais sensíveis.

Conflito nas ilhas Senkaku

Segundo a fonte em Pequim, as disputas recentes sobre as ilhas Senkaku, assim chamadas pelo Japão, ou ilhas Diaoyu pela China, foram instigadas por uma rede de espiões da Frente Unida que é controlada pela facção de Jiang Zemin.

Além disso, a disputa pelas ilhas Senkaku coloca Hu Jintao, Wen Jiabao e Xi Jinping num dilema.

Como o Japão começou a nacionalizar as ilhas Senkaku e os Estados Unidos se comprometeram a defender o Japão em caso de guerra, sentimentos antiamericanos poderiam ser usados para incitar alguns altos oficiais do Partido Comunista a pressionarem Hu Jintao e Wen Jiabao.

Se Hu Jintao e Wen Jiabao restringissem o movimento no PCC e nos militares pela reivindicação das ilhas, então, o sentimento nacionalista poderia ser inflamado e usado contra eles.

Se Hu Jintao e Wen Jiabao apoiassem o movimento de reivindicação das ilhas, então, o sentimento nacionalista também seria inflamado e poderia ser usado contra eles.

As disputas sobre as ilhas visavam pressionar Hu Jintao e Wen Jiabao a eventualmente usarem os militares e porem o país sob lei marcial. Isso atrasaria o Congresso do PCC, originalmente marcado para outubro.

Com a lei marcial declarada, a facção de Jiang Zemin esperava permitir que Zhou Yongkang e outros membros da facção mantivessem o poder por um longo período.

Por causa de seus papeis na perseguição ao Falun Gong, Jiang Zemin, Bo Xilai, Zhou Yongkang e outros membros da facção de Jiang Zemin precisam desesperadamente manter o poder. Se a facção perde o poder, seus membros correm o risco de serem responsabilizados pelos crimes que cometeram na condução da perseguição. Por esta razão, a facção fará tudo o que for possível para recuperar o poder.

Substituindo Du Qinglin

Segundo a fonte do Epoch Times, o movimento da Frente Unida para atiçar o descontentamento sobre a disputa das ilhas Senkaku, incluindo espalhar rumores por meio de sua rede de inteligência fora da China, levou Hu Jintao a demitir Du Qinglin, o ex-chefe da Frente Unida.

Hu Jintao e Wen Jiabao decidiram substituir Du Qinglin antes de 1º de setembro, mas a notícia vazou. Em 29 de agosto, a Sra Ding, uma assessora de confiança de Du Qinglin, foi descoberta fugindo no voo CA981 da Air China. Hu Jintao ordenou pessoalmente que o voo com destino aos Estados Unidos voltasse a Pequim e colocaram Du Qinglin sob vigilância.

Três dias depois, Hu Jintao nomeou Ling Jihua para o lugar de Du Qinglin na Frente Unida e ordenou Ling Jihua a conduzir uma investigação completa no departamento. Com a remoção de Du Qinglin, a facção de Jiang Zemin perdeu sua última posição de verdadeiro poder no PCC.

Ao mesmo tempo em que Du Qinglin foi removido, as acusações contra Wang Lijun, o ex-chefe de polícia de Chongqing e braço direito de Bo Xilai, foram anunciadas.

Acusação de Wang Lijun

Segundo a fonte em Pequim, Hu Jintao, Wen Jiabao e Xi Jinping tinham duas razões para anunciarem de repente que Wang Lijun seria julgado.

Primeiro, o anúncio foi feito para mostrar aos Estados Unidos, ao Japão e a outros países que havia unidade entre Hu Jintao, Wen Jiabao, Xi Jinping e Li Keqiang, este último indicado a próximo primeiro-ministro. Os quatro líderes queriam mostrar que chegaram a um consenso e tinham controle seguro. Isto serviria de aviso ao Japão de que já não poderia contar com a possibilidade de tirar proveito de qualquer caos na liderança chinesa.

Segundo, Hu Jintao, Wen Jiabao e Xi Jinping queriam avisar aos remanescentes da facção de Jiang Zemin a não criarem problema, pois salvar Bo Xilai já não é uma opção.

Wang Lijun está sendo acusado de: usar a lei para fins egoístas, deserção, abuso de poder e aceitar suborno. Julgá-lo por estas acusações, ao invés de outras, estabelece as bases para processar Bo Xilai.

Manifestantes se reúnem perto da sede do governo de Hong Kong em 7 de setembro em protesto contra os planos de introduzir o currículo da China continental que residentes de Hong Kong julgam ser para lavagem cerebral de seus filhos. O novo currículo foi adotado como parte de um último esforço da facção de Jiang Zemin para manter o poder. (Philppe Lopez/AFP/Getty Images)

Hong Kong de Leung Chun-ying

A novo chefe-executivo Leung Chun-ying de Hong Kong foi referido no Diário do Povo, um jornal estatal porta-voz do regime chinês, como “camarada” e foi identificado como um militante secreto do PCC num livro escrito por um ex-agente secreta do PCC em Hong Kong.

O sistema de agentes secretos do PCC em Hong Kong estava sob o controle de Zeng Qinghong, que também cultivava Leung Chun-ying. Zeng Qinghong, um ex-membro do Comitê Permanente do Politburo, agora está oficialmente aposentado. Ele é um membro fiel da facção de Jiang Zemin.

Assim que Leung Chun-ying se tornou chefe-executivo de Hong Kong, ele seguiu as instruções de Zeng Qinghong e começou a promover o Plano Nacional de Educação. Este currículo é considerado em Hong Kong como uma tentativa de lavagem cerebral das crianças da cidade. Sua adoção tem causado protestos em massa.

A promoção do Plano Nacional de Educação em Hong Kong se encaixa no plano global do Departamento da Frente Unida, disse a fonte de Pequim ao Epoch Times. O objetivo é irritar o povo de Hong Kong, causar tumultos em Hong Kong e criar problemas para Hu Jintao e Wen Jiabao antes do Congresso do PCC.

Ao mesmo tempo, Leung Chun-ying conspirou com a Frente Unida, permitindo que ativistas usassem navios de pesca de Hong Kong para desembarcarem nas ilhas Senkaku, o que pôs pressão em Hu Jintao e Wen Jiabao, disse a fonte.

Desde que este incidente lida com as relações da China com o Japão, Leung Chun-ying, na ausência de permissão de Pequim, não se atreveria a tomar tal decisão por si mesmo, a menos que tivesse o apoio de Zeng Qinghong.

Em resposta, Hu Jintao ordenou que Leung Chun-ying não comparecesse à reunião da APEC na cidade portuária russa de Vladivostok em 9 de setembro.

Zeng Qinghong também desempenhou um papel-chave em outro evento na semana passada.

De acordo com o informante de Pequim, altos oficiais não permitiram que Xi Jinping se reunisse com a secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton por causa da interferência de Zeng Qinghong. Esta também é a razão pela qual Xi Jinping não foi visto recentemente.

Nota do Editor: Quando o ex-chefe de polícia de Chongqing, Wang Lijun, fugiu para o consulado dos EUA em Chengdu em 6 de fevereiro, ele colocou em movimento uma tempestade política que não tem amenizado. A batalha nos bastidores gira em torno da postura tomada pelos oficiais em relação à perseguição ao Falun Gong. A facção das mãos ensanguentadas, composta pelos oficiais que o ex-líder chinês Jiang Zemin promoveu para realizarem a perseguição ao Falun Gong, tenta evitar ser responsabilizada por seus crimes e continuar a campanha genocida. Outros oficiais têm se recusado a continuar a participar da perseguição. Esses eventos apresentam uma escolha clara para os oficiais e cidadãos chineses, bem como para as pessoas em todo o mundo: apoiar ou opor-se à perseguição ao Falun Gong. A história registrará a escolha de cada pessoa.