Homem mais rico da Ásia retira seus investimentos da China

18/09/2015 11:33 Atualizado: 18/09/2015 11:34

Quando não temos certeza do que fazer, às vezes é uma boa opção fazer o que as pessoas mais bem sucedidas fazem. Portanto, se você não sabe se deve continuar investindo na China, veja o que o homem mais rico da Ásia, Li Ka-shing, tem feito desde 2011. Só tome cuidado para não criar intrigas com o regime chinês durante o processo.

Li tem tirado o seu império para fora da China.

Ele vendeu cerca de US $ 16 bilhões em ativos que possuía na China e moveu o dinheiro para a Europa, onde considera gerar retornos mais elevados. Sua maior venda foi a cadeia de farmácias sediada em Hong Kong, a A.S. Watson & Co. (no valor de US $ 5.7 bilhões, que representa uma participação de 25%), e sua maior compra foi a segunda maior empresa de telecomunicações do Reino Unido, a O2 (por US $ 15.8 bilhões).

Além disso, Li, que possui cerca de US $ 24.8 bilhões, de acordo com a Forbes, liquidou bilhões de ativos que possuía no mercado imobiliário chinês em tempo hábil, antes da bolha imobiliária chinesa estourar em 2014.

O momento realmente não poderia ter sido melhor, porque a economia chinesa vem apresentando uma queda drástica desde o início de 2015. Ao longo dos anos, Li conseguiu reduzir sua exposição à China em termos de lucro operacional para 30%, e aumentou na Europa para 42%.

Leia também:
Apesar dos bilhões em investimento, China não pode salvar economia mundial
Parlamentar australiano luta para acabar com tráfico de órgãos humanos
Google planeja voltar à China com loja de aplicativos

O problema é que o regime chinês não está muito feliz com a mudança: no dia 12 de setembro, o Instituto Liaowang, uma instituição sem fins lucrativos afiliada à Agência de Notícias Xinhua (conhecida como a porta-voz do Partido Comunista Chinês), publicou um artigo intitulado “Não deixe Li Ka-shing fugir”.

No artigo, o autor Luo Tianhao escreve: “Como todos sabemos, na China, o setor imobiliário e o poder político estão estreitamente ligados. Sem influência política, é impossível fazer negócio imobiliário [na China]. Portanto, eu temo que não seja sábio apenas ir embora.”

Talvez, esta seja exatamente a razão pela qual Li decidiu sair da China e até mesmo de Hong Kong. Na realidade, Li provavelmente está pouco se importando com o governo chinês, já que não mais possui quaisquer ativos imobiliários na China.

“Parece que até mesmo pessoas como Li Ka-shing sentem que estão perdendo vantagem para os novos líderes comunistas da China continental”, disse Edward Chin, que faz parte do grupo pró-democracia chamado 2047 Hong Kong Monitor.

Chin disse também que a crescente influência do Partido Comunista Chinês em Hong Kong está afastando empresários, e que um registro em Singapura ou nas Ilhas Cayman é mais seguro sob o ponto de vista legal, especialmente se a maioria dos ativos forem mantidos no exterior.

Leia também:
Como a quebra da China influencia o mundo todo
Comentários ‘inadequados’ geram prisões em massa na China
Indicadores econômicos mostram situação alarmante na China

Para fazer isto, Li fundiu os dois conglomerados que controla (Hutchison Whampoa Ltd. e Cheung Kong Holdings Ltd.) na CK Hutchison Holdings Ltd., e prontamente registrou a empresa nas Ilhas Cayman, em vez de mantê-la em Hong Kong.

O último movimento nesta estratagema foi fundir sua companhia de energia elétrica (a Power Assets Holdings) com sua empresa de infraestrutura, a Cheung Kong Infrastructure Holdings (CKI), com o objetivo de tirá-la do mercado de ações de Hong Kong. Já que a CKI faz parte de CK Hutchison, ela também estará sob jurisdição das Ilhas Cayman no futuro.