Extração forçada de órgãos realizada pela China é abordada na ONU

31/03/2014 12:25 Atualizado: 20/04/2014 21:03

A prática macabra do regime chinês de matar praticantes do Falun Gong por seus órgãos foi suscitada recentemente perante o ‘Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas’ (UNHRC) em Genebra pela advogada da organização ‘Lawyer’s Rights Watch Canada’ (LRWC), sediada em Vancouver.

Falando numa sessão de revisão do UNHRC sobre o registro histórico de direitos humanos na China, Vani Selvarajah da LRWC reiterou uma resolução recente do Parlamento Europeu exigindo o fim imediato da extração forçada de órgãos de prisioneiros de consciência na China, “principalmente de praticantes do Falun Gong”.

Ela também condenou a aprovação de alguns estados-membros da ONU sobre o alegado progresso da China em relação aos direitos humanos. “Em face da tortura sistemática, matança para captação de órgãos, privação de representação legal independente e perseguição de defensores dos direitos humanos e advogados, a LRWC considera os comentários de Estados que acolhem o progresso de direitos humanos na China como cruelmente inadequado”, disse Selvarajah.

Ela também observou que a China proíbe os advogados de defenderem os praticantes do Falun Gong e os tribunais de aceitarem ações judiciais em nome destes. “Os advogados que defendem os praticantes do Falun Gong, incluindo Gao Zhisheng, são intimidados, expulsos da ordem, presos e/ou torturados”, disse ela.

Gao, que tem sido referido como a “consciência da China”, foi preso, perseguido, torturado desde 2005, depois de defender praticantes perseguidos do Falun Gong, uma disciplina espiritual tradicional, e outros grupos visados pelo regime comunista chinês.

No final de março, quatro proeminentes advogados de direitos chineses, Jiang Tianyong, Tang Jitian, Wang Cheng e Zhang Junjie, foram detidos por tentar libertar os praticantes do Falun Gong detidos ilegalmente num centro de lavagem cerebral.

Desde que o regime chinês proibiu o Falun Gong em 1999, os praticantes têm sido frequentemente submetidos a várias formas de tortura e lavagem cerebral na tentativa de “transformá-los”.

Selvarajah também comentou em sua palestra que os ‘Médicos contra a Colheita Forçada de Órgãos’, um grupo sediado em Washington DC, EUA, entregou no ano passado uma petição com 1,5 milhão de assinaturas ao alto-comissariado da ONU para os direitos humanos, pedindo o fim da “matança de prisioneiros de consciência para captação de órgãos” na China e uma investigação.

Relatos sobre a extração forçada de órgãos de praticantes do Falun Gong na China surgiram pela primeira vez em 2006, após investigações de David Kilgour, um advogado de direitos humanos e ex-parlamentar canadense, e de David Matas, um advogado internacional de direitos humanos.

Numa sessão do UNHRC em meados de março, o Canadá reconheceu formalmente os relatórios de que a China está envolvida na extração de órgãos sem consentimento.

“O Canadá continua profundamente preocupado com a situação das comunidades religiosas perseguidas em várias partes do mundo, onde, devido a restrições do governo ou hostilidades sociais extremas, os indivíduos são visados por causa de sua fé. Estes incluem os bahaístas, budistas, cristãos, judeus, sufis e outros muçulmanos, entre outros”, disse Anne-Tamara Lorre, assessora de direitos humanos do Canadá na ONU, durante a sessão.

Momento de silêncio interrompido

Selvarajah disse em seu discurso que o UNHCR deveria estar “seriamente preocupado” com o caso de Cao Shunli, uma ativista chinesa pró-democracia que foi presa em setembro passado quando partia de Pequim voando para Genebra para participar de reuniões de preparação da Revisão Periódica Universal da China na ONU. Foi-lhe negado tratamento médico na prisão e ela acabou morrendo em 14 de março.

O caso de Cao também foi mencionado por alguns estados-membros da ONU e organizações não-governamentais. Um representante do ‘Serviço Internacional para os Direitos Humanos’ pediu um minuto de silêncio em memória de Cao durante seu discurso no UNHRC. No entanto, o momento de silêncio foi interrompido por uma objeção da China, que argumentou que os palestrantes das ONGs não estão autorizados a ficar em silêncio durante seu tempo alocado.

A delegação da China no UNHRC, apoiada por alguns estados-membros, frequentemente tenta atrapalhar discursos de ONGs que são críticas sobre seu histórico de direitos humanos. No ano passado, a delegação chinesa repetidamente tentou interromper um discurso do pesquisador Chen Shizhong sobre a perseguição ao Falun Gong na China.