Executiva demitida aciona Justiça contra obediência do Santander ao PT

29/12/2014 21:57 Atualizado: 29/12/2014 23:50

A ex-superintendente de consultoria de ‘investimentos select‘ do Banco Santander, Sinara Polycarpo Figueiredo, entrou com uma ação na Justiça do Trabalho exigindo a anulação da rescisão contratual implicando em sua imediata recontratação no mesmo cargo “com todas as vantagens e benefícios”. A executiva alega perseguição política do Partido dos Trabalhadores (PT) e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A ação demanda ainda uma indenização por danos materiais e morais ajuizados em 200 vezes sua remuneração integral regular, aproximadamente R$ 50 mil mensais. Investimentos select são planos de aplicações no banco espanhol para clientes de alta renda.

Sinara foi destituída em 30 de julho após repercussão de uma carta enviada aos clientes do Santander com renda superior a R$ 10 mil, alertando para “os riscos da reeleição” da presidente Dilma Rousseff para a saúde econômica do país e, portanto, para suas aplicações financeiras. A correspondência circulou durante o primeiro mês da campanha oficial.

A ex-superintendente afirma na ação, distribuída à 78ª Vara do Trabalho de São Paulo, que não tinha ciência da mensagem e que o texto não passou por sua revisão. Ela cita que a carta foi repassada por uma analista financeira “diretamente ao Departamento de Marketing, que providenciou a remessa aos clientes”. Outros dois funcionários também foram demitidos.

Sinara Polycarpo registrou que somente veio a tomar conhecimento da carta “15 dias após, quando um dos clientes reclamou do teor da opinião do banco”. A executiva assinalou que “o PT, através de seus máximos dirigentes, inclusive o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, exigiu em manifestações públicas, em entrevistas para toda imprensa do país, a demissão de empregados do Santander”.

Na ação, os advogados da ex-superintendente, Rubens Tavares Aidar e Paulo Alves Esteves, apontaram subserviência do banco às pressões político-partidárias. O Santander “cedeu o poder de comando do empregador ao PT, de modo tão servil que o próprio presidente do partido foi o arauto para a imprensa de que os empregados do setor seriam demitidos”, escreveram.

“Agrava-se a discriminação quando se sabe que ela [Sinara] não praticou, não concorreu, nem tinha o menor conhecimento dos fatos, sendo execrada e covardemente despedida”, destacaram os advogados.

Procurado pelo jornal on-line Estadão, o Santander não se manifestou. “O Santander informa que não se manifesta em casos sob o exame da Justiça”, informou por e-mail sua vice-presidência de Comunicação e Marketing. Demandado pelo mesmo veículo, a assessoria de imprensa do PT afirmou que “não vai se pronunciar sobre o assunto”.