Disputa China-Japão, um barril de pólvora

07/03/2013 13:56 Atualizado: 07/03/2013 13:56
Kurt Campbell, o secretário-adjunto de Estado norte-americano que deixa o cargo, disse que as disputas territoriais entre o Japão e a China foram os eventos diplomáticos mais desafiadores em seu mandato de quatro anos (Junko Kimura/Getty Images)

WASHINGTON – Kurt Campbell, o secretário-adjunto de Estado norte-americano para a Ásia Oriental que deixa o cargo após um mandato de quatro anos, descreveu a disputa territorial entre o Japão e a China pelas ilhas Senkaku (Diaoyu, em chinês) como um potencial “barril de pólvora”.

Campbell disse que a disputa foi um de seus maiores desafios na região. “Em quatro anos como secretário-adjunto, eu enfrentei muitas situações diplomáticas difíceis, mas nenhuma mais difícil do que esta”, disse Campbell ao jornal The Australian.

“Eu raramente vi diplomatas de ambos os lados [Japão e China] mais apreensivos e, em ambos os lados, a sensação de que nenhum recuo ou compromisso é possível”, disse ele.

A China se tornou cada vez mais agressiva ao afirmar a posse não apenas do pequeno grupo de ilhas Senkaku, mas também de grande parte do Mar do Sul da China, provocando disputas territoriais com vários países da região.

O primeiro-ministro japonês Shinzo Abe acusou o Partido Comunista Chinês (PCC) de tentar se apropriar de recursos naturais e estimular sentimentos anti-Japão. Abe disse que o crescimento econômico, combinado com o patriotismo, tornou-se fundamental para sustentar o regime comunista chinês no poder.

“Nesse processo, a fim de obter recursos naturais para sua economia, a China está tomando medidas de coerção ou intimidação, tanto no Mar do Sul da China como no Mar do Leste da China”, disse Abe numa entrevista com o Washington Post na véspera das reuniões com o presidente Obama na Casa Branca no mês passado.

O premiê disse que o Japão não toleraria qualquer desafio da China sobre as ilhas Senkaku.

“O que é mais importante é fazê-los perceberem que não serão capazes de mudar as regras ou tomar as águas territoriais ou os territórios de outros por meio da coerção ou intimidação”, disse ele.

No mês passado, Tóquio acusou a Marinha chinesa de travar duas vezes seus radares de armas sobre alvos japoneses –numa ocasião numa embarcação naval japonesa e noutra num helicóptero. A ação é considerada intimidadora na medida em que esta ação antecede o abrir fogo.

Os chineses negaram os incidentes, mas Washington não se convenceu e criticou as ações.

“Eu direi que, em relação aos relatos deste particular incidente”, disse Victoria Nuland, porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, numa nota diária em Washington no mês passado, “ações como esta aumentam as tensões e o risco de um incidente ou um erro de cálculo. […] Isso pode minar a paz, a estabilidade e o crescimento econômico nesta região vital. Então, estamos preocupados com isso.”

Campbell disse temer uma escalada militar entre o Japão e a China e alertou sobre uma instabilidade econômica na região caso ocorra um confronto.

“Nós nos preocupamos com eventos imprevisíveis e acidentais. Ambos os países têm forças – guarda costeira e militares – no local. […] Pedimos que ambos os lados retornem ao diálogo e à discussão”, disse ele.

O mandato de Campbell como secretário-assistente para o Leste da Ásia e o Pacífico chegou ao fim. Considerado figura-chave para a mudança de foco do governo Obama para a Ásia, Campbell está escrevendo um livro sobre a mudança da política externa. Ele também iniciou uma nova empresa de consultoria chamada Grupo Ásia e espera ter um papel maior no instituto de pesquisa que fundou, o Centro para uma Nova Segurança Norte-Americana.

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