Vendo seu pai Jia Hua comer um pedaço de bolo da lua é o maior desejo de Jia Mingzhen, mas, para ele e sua mãe Liu Chunli, uma reunião de família é apenas uma ilusão. Uma semana antes do Festival da Lua deste ano – tradicionalmente um momento de reunião familiar e de compartilhar bolinhos – mãe e filho sentaram-se com o Epoch Times em frente ao consulado chinês em Sydney, Austrália, e contaram a história do sofrimento de sua família e da separação.
Sua história começa com inesperada boa sorte.
“Em 1996, minha mãe estava muito apática, porque sofria de algumas doenças crônicas, dentre as quais miomas uterinos”, lembrou Liu Chunli. “Um vizinho apresentou-a a prática do Falun Gong.” O Falun Gong, também conhecido como Falun Dafa, é uma disciplina espiritual que inclui fazer exercícios lentos e suaves e meditação.
“Logo depois de aprender, minha mãe se tornou uma pessoa completamente diferente e todos os seus problemas de saúde desapareceram”, disse Liu. “Tendo testemunhado sua transformação e recuperação incrível, toda a minha família começou a praticar o Falun Gong.”
“Após estudar os ensinamentos do Falun Gong, meu marido foi reconhecido como um dos dez melhores precursores no setor elétrico e de energia na província de Shaanxi”, disse Liu. “Seguindo os princípios orientadores do Falun Gong – verdade, compaixão e tolerância – ele se tornou um funcionário-modelo para toda a fábrica. Ele nunca foi ganancioso e nunca se aproveitou de pessoas.”
“Todos os recém-formados designados para a fábrica anualmente solicitavam ser enviados para sua unidade. Inspiradas por ele, muitas pessoas lá também começaram a praticar o Falun Gong. Esse foi o momento mais feliz para nossa família. Todos estudávamos os ensinamentos do Falun Gong, praticávamos os exercícios e introduzíamos o Falun Gong aos outros. Nosso ambiente familiar era muito harmonioso. “
Perseguição
Em 1999, o Partido Comunista Chinês (PCC) começou a perseguir os praticantes do Falun Gong. Desde então, a família de Liu viveu em tumulto. “Meu marido foi a Pequim para apelar pelo Falun Gong”, disse Liu. “Ele foi preso e detido ilegalmente por três meses. Ele se recusou a assistir às aulas de lavagem cerebral em 2001 e depois foi condenado há um ano e meio num campo de trabalhos forçados.”
“Dois meses depois de ele voltar para casa, a polícia chegou, tentando forçá-lo a ir a uma sessão de lavagem cerebral novamente. A fim de evitar o rapto naquela noite, ele pulou pela janela do terceiro andar em nossa casa. Mais tarde, eu soube que em sua tentativa de escapar da polícia, ele andou 30 km, apesar de ter ferido seu abdômen e tornozelo no salto. Depois de caminhar toda a noite, suas pernas e pés ficaram inchados e pretos. Ele nunca voltou para casa.”
Jia Hua vagou por seis anos, separado da família. A família foi brevemente reunida na Prisão Weinan, onde ele está preso. “Meu filho olhou para os cabelos grisalhos do meu marido, ele nem sabia como falar com ele. Exceto para comer, usar o banheiro e dormir, meu marido fica num banquinho o dia todo e não tem permissão para falar com outros praticantes do Falun Gong. Há 4-5 criminosos encarregados de monitorá-lo e ele também foi submetido à força à lavagem cerebral”, disse Liu Chunli.
Infância difícil
Jia Mingzhen tem 15 anos agora. Ao falar sobre o pai, sua memória é nebulosa, na melhor das hipóteses. “Quando eu tinha três anos e meio, meu pai foi obrigado a sair de casa”, disse Jia. “Apenas seis anos atrás eu o vi novamente. Eu nem sequer sei como chamá-lo de ‘pai’.”
A infância de Jia foi diferente de muitas outras crianças. Na escola primária, um professor que sabia de sua situação sempre abusou dele verbalmente e o punia injustamente. Por exemplo, outros alunos eram apenas repreendidos por não terminar a lição de casa, mas Jia foi forçado a suportar a humilhação pública de deitar-se de bruços ou se ajoelhar na frente do pódio do professor para terminar sua lição de casa.
Sua mãe explicou: “O pai desse professor estava diretamente envolvido na perseguição dos funcionários que eram praticantes do Falun Gong em seu local de trabalho numa fábrica. Sua família também sabia que nossa família praticava o Falun Gong e que o pai de Jia tinha sido preso por isso.”
Na escola, alguns alunos intimidavam Jia. Ao recordar a triste experiência, Jia não se lamentou, mas disse estar convencido de que esses alunos mereciam sua piedade. “Eles faziam essas coisas porque não compreendiam a verdadeira situação ou o que é o Falun Gong realmente”, disse Jia. “Eu acreditava que, se eles compreendessem, eles realmente me ajudariam.”
Quando confrontado com a humilhação na escola, Jia não discutia com seus colegas. Em vez disso, ele lhes contava sobre o Falun Gong, explicando que os praticantes apenas tentavam ser boas pessoas. Alguns entenderam e mudaram a atitude e alguns até se tornaram amigos dele.
O que persiste na memória de Jia Mingzhen agora é o corpo cansado do pai e seus cabelos grisalhos. Porque a visita à prisão foi monitorada, eles não puderam falar livremente.
Contando sua história
Embora ele tenha preparado um pedaço de bolo da Lua e um cartão para sua visita ao pai na prisão, era uma celebração meramente simbólica. Ele continua alimentando a esperança de que um dia será capaz de celebrar adequadamente o Festival de Meados de Outono com a família completa.
Liu Chunli e Jia Mingzhen destacaram que a experiência de sua família é comparável a de dezenas de milhares de famílias de praticantes do Falun Gong em toda a China, que também estão sendo perseguidos.
Esta mãe e filho disseram que estão muito felizes por terem a oportunidade de ir para a Austrália, um país livre. Eles costumam contar aos outros sobre a perseguição ao Falun Gong, esperando que, por meio das tribulações de sua família, outras pessoas entenderão mais sobre como o PCC oprime, tortura e mata praticantes do Falun Gong por suas crenças.
Quando eles falam com outras pessoas, eles esclarecem que o PCC deve parar a perseguição e libertar todos os praticantes do Falun Gong detidos ilegalmente na China.
