‘Crime cultural’: rebeldes islâmicos no Mali queimam milhares de textos antigos em Timbuktu

29/01/2013 14:25 Atualizado: 29/01/2013 14:25
Residentes dão as boas vindas a soldados franceses e malineses que entram na cidade histórica de Timbuktu, ocupada durante dez meses por rebeldes islâmicos, em 28 de janeiro de 2013 (Eric Feferberg/AFP/Getty Images)

O prefeito de Timbuktu disse na segunda-feira que rebeldes islâmicos queimaram uma biblioteca que continha textos antigos e manuscritos de valor inestimável quando as tropas francesas e malinesas cercaram a lendária cidade no Norte do Mali.

“É realmente preocupante que isso tenha acontecido”, disse Ousmane Halle, o prefeito da cidade, à Associated Press na segunda-feira. “Eles queimaram todos os manuscritos antigos importantes. Os antigos livros de geografia e ciência. É a história de Timbuktu, de seu povo.”

Ousmane descreveu o dano como “trágico”. Ele disse, “O Centro Ahmed Baba, que detém manuscritos valiosos, foi queimado pelos islâmicos. É um flagrante crime cultural.”

O Centro Ahmed Baba de Documentação e Pesquisa, que foi estabelecido em 1973, tinha uma coleção de cerca de 60 e 100 mil manuscritos. A Rádio France Internationale (RFI) disse que a biblioteca tinha textos muçulmanos e em grego antigo.

Ousmane também disse que os islâmicos queimaram um homem vivo que gritava “Vive le France”, segundo a RFI.

Não ficou claro quanto dano foi feito à biblioteca ou quantos textos foram destruídos no incêndio, dizendo que a tragédia ocorreu alguns dias atrás, informou a Reuters, citando Ousmane.

Os rebeldes islâmicos tomaram grande parte do Norte do Mali, uma área do tamanho do estado do Texas – em março e abril do ano passado e, até recentemente, eles ameaçavam marchar sobre a capital de Bamako. Somente após as tropas francesas chegarem, seu domínio sobre a área foi desfeito.

Enquanto controlavam grande parte do Norte do Mali, os rebeldes impuseram sua própria interpretação da sharia, que segundo grupos de direitos humanos, resultou em vários abusos de direitos humanos.

Houve também relatos de que os rebeldes destruíram santuários de santos muçulmanos em Timbuktu, que era o centro cultural do Islã na África durante os séculos 15 e 16, e em outras cidades, dizendo que os santuários são idólatras. Alguns túmulos e outras estruturas antigas também foram destruídos e danificados. Um dos túmulos destruído pertencia a Sidi (Mahmud Ben) Amar, um famoso santo muçulmano do século 10.

Quando as forças francesas e malinesas se aproximaram de Timbuktu, elas encontraram pouca ou nenhuma resistência por parte dos rebeldes, que em sua maioria fugiu da área. Eles agora controlam as estradas do Norte que rumam para a cidade e para o aeroporto.

“O exército do Mali e o exército francês estão no controle completo da cidade de Timbuktu. Tudo está sob controle”, afirmou um coronel do exército malinês, que não foi nomeado, à AFP.

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