Fundador do Wikileaks condena o ‘vazamento’ de sua biografia não autorizada

22/09/2011 00:00 Atualizado: 04/09/2013 18:31

Visitantes passam por cópias da "Autobiografia Não Autorizada" do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, à venda na livraria Waterstones em Edimburgo, Escócia (Jeff J. Mitchell/Getty Images)
Visitantes passam por cópias da “Autobiografia Não Autorizada” do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, à venda na livraria Waterstones em Edimburgo, Escócia (Jeff J. Mitchell/Getty Images)

Em meados de setembro de 2011, o fundador do Wikileaks, Julian Assange, condenou a publicação de sua “Autobiografia Não Autorizada”, lançada sem seu consentimento.

Assange acusou Canongate, a editora britânica do livro, de “oportunismo e duplicidade” por liberar rascunhos de sua autobiografia, dizendo que violaram seu contrato.

Canongate confirmou num comunicado que lançaria “Julian Assange: A Autobiografia Não Autorizada”, depois de Assange ter um desentendimento com o editor.

Ele teria sido pago um milhão de dólares pelo negócio, mas há três meses, tentou cancelá-lo. A editora disse que Assange nunca devolveu o dinheiro como havia sido acordado legalmente, então, eles decidiram liberar os primeiros esboços.

Assange, no entanto, disse que o contrato foi “acordado em ser cancelado por todas as partes”.

O editor disse que após 50 horas de entrevistas para criar a memória, Assange “tornou-se cada vez mais preocupado com a ideia de publicar uma autobiografia”, e disse que o livro faz um bom trabalho em explicar Assange e sua postura ideológica.

Em junho, “com 38 editoras ao redor do mundo comprometidas em lançar o livro, Julian nos disse que queria cancelar seu contrato”, disse Canongate num comunicado, e decidimos continuar com a publicação do livro.

“Uma vez que o adiantamento seja atingido, continuaremos a honrar o contrato e pagar os royalties a Julian”, acrescentou.

Mas Assange disse que a precipitada publicação nega e ele “e muitos outros a oportunidade de mercado para o livro que [ele] queria publicar, e priva [ele] dos ganhos que eventualmente teria com a segunda e terceira parte do que foi antecipado”.

A autobiografia detalha a vida Assange quando ele morava em Queensland, na Austrália, até o momento em que fundou o site Wikileaks, que lançou centenas de milhares de documentos confidenciais, para grande desgosto dos Estados Unidos e outros governos ao redor do mundo.

No comunicado, Assange disse que não está dedicando toda sua atenção na luta contra a publicação do livro, pois no momento ele se defende de alegações de assédio sexual que o extraditariam para a Suécia, e que ele continua a alegar que são politicamente motivadas.

O jornal The Independent publicou trechos do livro de memórias, que detalham a negação de Assange às acusações feitas contra ele.

“Eu não estuprei aquelas mulheres e não consigo imaginar nada que aconteceu entre nós que as faria pensar assim, exceto malícia após o fato, uma cilada conjunta armada contra mim, ou um terrível mal-entendido alimentado entre elas”, escreve ele.

Em dezembro, Assange disse em entrevistas à mídia que não gostaria de ser o autor de um livro, mas disse que precisava pagar taxas legais para manter o Wikileaks no ar.

Alguns críticos sentiram que a decisão da editora de lançar o livro de memórias sem o consentimento de Assange foi pura ironia, já que a fundação do Wikileaks é baseada na liberdade de informação.

John Perry Barlow, cofundador da Fundação Fronteira Eletrônica, escreveu no Twitter que a publicação é “a perfeita simetria da ironia”, ao dar o nome de “um vazamento não autorizado”.

Em sua conta do Twitter, o Wikileaks até mesmo insinuou a irônica cadeia de eventos. “A vida é mais estranha que a ficção: editora britânica publica rascunho do manuscrito não autorizado de Assange”, escreveu, enquanto oferecia um link para o site da Amazon para pessoas que desejam comprar o livro.