O Valor Bruto da Produção (VBP) da agropecuária brasileira deve registrar uma queda de 3,2% em 2024, alcançando R$ 1,2 trilhão, conforme projeções divulgadas em setembro de 2024. O prejuízo ao agro ainda deve aumentar como consequência das queimadas que atingiram o agronegócio.
O VBP é uma métrica que reflete o faturamento bruto dentro dos estabelecimentos rurais, levando em consideração as produções agrícolas e pecuárias, com base na média de preços recebidos pelos produtores em todo o Brasil.
A retração ocorre tanto na agricultura quanto na pecuária, com variações significativas entre as principais culturas e atividades do setor.
A agricultura, que tem maior peso no VBP, deve apresentar uma queda de 4% em 2024, totalizando R$ 834 bilhões.
A soja, responsável por 37,4% do VBP, terá queda de 17% devido à retração de 12,9% nos preços e 4,7% na produção. O milho também deve registrar uma redução de 19,6% no VBP, com queda de 8,4% nos preços e 12,3% na produção.
A cana-de-açúcar, terceira maior cultura no VBP com 12,2% de participação, deve ter um aumento de 5% no valor bruto em 2024, impulsionado pela alta de 4,5% nos preços e de 0,5% na produção.
O café arábica deve registrar um aumento de 27,6% no VBP, enquanto o café robusta terá crescimento de 47,3%, impulsionados principalmente pela alta nos preços médios dessas culturas.
A batata também tem destaque, com projeção de aumento de 61,8% no seu VBP.
No setor pecuário, a previsão para 2024 é de uma leve redução de 1,4%, totalizando R$ 404 bilhões.
A bovinocultura de corte, uma das principais atividades pecuárias, deve registrar aumento na produção de 4,3%, mas enfrenta queda de 8,8% nos preços, o que resulta em uma retração de 4,8% no VBP da atividade.
A produção de leite, por sua vez, mantém-se estável, mas sofre uma queda de 2% nos preços, o que implica em uma redução de 2% no VBP do setor.
Já a carne suína e a carne de frango têm projeções de crescimento, com aumentos de 5,1% e 5,4%, respectivamente.
Segundo a CNA, outro fator que afetará o agro brasileiro são as queimadas ocorridas entre junho e agosto de 2024 que causaram prejuízos de R$ 14,7 bilhões ao setor agropecuário, atingindo 2,8 milhões de hectares.
A CNA alerta que esse valor pode aumentar com a contabilização dos incêndios de setembro. As maiores perdas ocorreram na produção de cana-de-açúcar e pecuária, impactando a produtividade do solo. Estados como São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso foram os mais afetados.