Os políticos que prometem acabar com o desmatamento na Amazônia brasileira não são novidade. No entanto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que poderia realizá-lo até 2030 com a ajuda do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
Quando o presidente brasileiro – mais conhecido como Lula – fez uma promessa de campanha apaixonada em 2022 para acabar com o desmatamento da Amazônia, foi um sucesso instantâneo entre os defensores das mudanças climáticas.
Também lançou as bases para a discussão de Lula com Biden em 10 de fevereiro.
Na sequência dessa reunião, a Casa Branca anunciou que iria “trabalhar com o Congresso” para financiar a conservação na Amazônia brasileira para enfrentar a mudança climática na região.
Isso inclui apoiar o reativado Fundo Amazônia, que o ex-presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, suspendeu em 2019 devido a mudanças na gestão de recursos e distribuição questionável de dinheiro.
Mas agora que Lula está no cargo, alguns brasileiros dizem que tudo continuará normal.
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) relatou o pior fevereiro para desmatamento desde 2015, menos de 60 dias após a posse de Lula.
Os céticos apontam ainda os laços estreitos de Lula com Pequim e a alta demanda por exportações agrícolas como obstáculos significativos à conservação.
A China tornou-se o parceiro comercial dominante do Brasil em 2009 durante o segundo mandato de Lula.
Com essa aliança veio o aumento da produção e exportação de minério de ferro e commodities agrícolas. Ambos são os principais contribuintes para o desmatamento na região.
O fator pobreza
“O mundo inteiro vê Lula como alguém bom para os pobres, bom para o meio ambiente. Acontece que o caso é o oposto disso”, disse o ex-ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, ao Epoch Times.
Araújo diz que Lula está sujeitando as florestas brasileiras a “antigos esquemas de corrupção” por meio de ONGs mal regulamentadas. Ele observou que muitas doações internacionais bem intencionadas acabam nos bolsos dos políticos. Este tem sido o caso há anos.
“Esses primeiros meses realmente viram um aumento do desmatamento na Amazônia. É uma questão política, não ambiental”, afirmou.
Bilhões de dólares doados a organizações humanitárias amazônicas desde a década de 1980 não impediram que as árvores brasileiras caíssem. Segundo Araujo, é porque a maioria das ONGs não aborda a raiz do problema: a pobreza.
Uma aguda falta de oportunidades de emprego nos remotos estados amazônicos do Brasil alimentou práticas florestais insustentáveis por décadas.
O clamor público e a abordagem de Lula ao desmatamento concentram-se principalmente no fornecimento ilegal de ouro e madeira, mas a pecuária e a agricultura de soja são os principais culpados.
Uma análise atribui 80 por cento de todo o desmatamento da Amazônia brasileira para “práticas insustentáveis de pecuária”.
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, o agronegócio foi responsável por quase 354.828,37 quilômetros de desmatamento nos biomas Amazônia e Cerrado entre 2006 e 2017.
Dez por cento disso foi usado apenas para a produção de soja.
E Lula também não expressou intenção de reduzir.
Em 2021, Bolsonaro abordou a necessidade de empregos ambientalmente sustentáveis na região durante a Iniciativa Amazônia anual e a reunião do Banco Interamericano de Desenvolvimento.
Bolsonaro disse que a preservação depende “da geração de empregos, produtos e serviços que usem os recursos da floresta de maneira sustentável”.
Belisario Arce, diretor executivo da Associação PanAmazônica, concorda com esse sentimento. Ele diz que o combate ao desmatamento deve ser feito através das lentes da pobreza.
“A pobreza é a principal causa do desmatamento”, disse Arce ao Epoch Times, acrescentando: “Não acho que o novo governo fará algo para conter o desmatamento porque as causas são as mesmas”.
Arce diz que alternativas econômicas ao desmatamento são como seu estado natal, o Amazonas, que conseguiu preservar uma quantidade notável de sua floresta original.
Manaus é a maior cidade da Amazônia brasileira e serve como um centro de produção para grandes empresas internacionais como Samsung e Honda.
A cidade também é uma zona de livre comércio e industrial com status de isenção de impostos. Consequentemente, as florestas intocadas prosperam além da próspera metrópole da selva de mais de 2 milhões de pessoas.
Arce comparou isso ao velho ditado: os ricos têm belos jardins.
“Quando você dá às pessoas outra opção econômica, elas não recorrem à destruição da natureza”, disse ele.
Supervisão necessária
Arce é cético em relação ao Fundo Amazônia reativado e ao rio de dinheiro que ele despejará nas ONGs brasileiras. Isso ocorre porque pouca ou nenhuma supervisão do governo está envolvida na distribuição de dinheiro.
“Não sei como eles usaram esse dinheiro que o Fundo Amazônia deu para ONGs brasileiras [nos últimos anos]. Não teve impacto no desmatamento”, disse.
Ao longo das décadas, Arce viu bilhões fluírem por meio de organizações de caridade – algumas das quais receberam dinheiro diretamente do Fundo Amazônia – apenas para acabar sendo canalizadas para campanhas políticas locais.
Arce observou que enormes salários são pagos a executivos de ONGs no Brasil. Muitos deles são superiores aos juízes da Suprema Corte.
“Qual é o resultado desse dinheiro que foi dado ao Brasil por meio de ONGs depois de três décadas? Nada”, disse.
Devido à falta de fiscalização, muito pouco desse dinheiro vai para a conservação. É um problema que se tornou predominante na década de 1980 e não passou despercebido por aqueles que assinaram grandes cheques nos últimos anos.
Em 2019, a Alemanha sacou 35 milhões de euros em dinheiro de ajuda para a conservação da Amazônia brasileira devido a “grandes preocupações” com o aumento do desmatamento. Foi no mesmo ano que Bolsonaro suspendeu o Fundo Amazônia por manipulação suspeita de dinheiro.
Mas agora que o fundo está funcionando novamente, as autoridades americanas estão ansiosas para apoiá-lo.
Durante uma audiência do Comitê de Relações Exteriores em 15 de março, o vice-enviado especial do presidente para o clima, Richard Duke, proclamou: “Os riscos representados pela perda da floresta amazônica têm implicações globais”.
O senador Robert Menendez (D-N.J.) também enfatizou a importância do envolvimento dos EUA na conservação da Amazônia, dizendo que estabelecer um “valor baseado no mercado” para atividades econômicas na região deve ser uma prioridade.
Novo acordo verde
A abordagem de Lula para reverter décadas de rápida expansão do agronegócio é criar um programa de “crédito verde” que permite aos agricultores solicitar empréstimos subsidiados pelo governo em troca do uso de práticas agrícolas mais sustentáveis.
Algumas delas incluem a conversão de pastagens degradadas em áreas de cultivo e a implementação do uso de biopesticidas.
O indicado de Lula para a presidência do BNDES, Aloizio Mercadante, disse: “Podemos abrir linhas de crédito diferenciadas para incentivar a migração para a agricultura que sequestra carbono”.
Mas não há como evitar o fato de que a agricultura e as indústrias de carne bovina exigem terras limpas e menos árvores.
A China está entre os maiores receptores de commodities alimentares do Brasil. Em janeiro de 2023, o minério de ferro e a soja brasileira exportou para a China um total de mais de R $5,24 bilhões e R $5,22 bilhões, respectivamente.
Embora além das exportações, empresas e bancos chineses vêm destruindo as florestas brasileiras.
A China despejou mais de R $115,35 bilhões em empresas ligadas ao desmatamento entre janeiro de 2013 e abril de 2020, de acordo com o cão de guarda ecológica Global Witness. O gigante comercial asiático é o sexto maior contribuinte para o desmatamento no mundo.
Neste mês, Lula e uma delegação de 90 representantes da agricultura visitarão Pequim e Xangai entre os dias 26 e 30 de março para discutir relações comerciais diversificadas.
A visita parece uma estranha justaposição aos objetivos proclamados pelo chefe de estado para a Amazônia.
Arce não está surpreso e disse esperar que os problemas sociais e ambientais aumentem nos estados amazônicos do Brasil sob Lula.
Araújo acrescentou que o apoio de Lula às ONGs brasileiras não regulamentadas não significaria nada além de manter os indígenas “pobres e dependentes” para continuar garantindo financiamento internacional.
“É assim que eles conseguem dinheiro”, disse ele.
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