Série de concertos reinaugura o órgão Tamburini da Escola de Música da UFRJ

11/04/2012 20:30 Atualizado: 11/04/2012 20:30

O diretor da Escola de Música da UFRJ André Cardoso posa ao lado do recém-restaurado órgão G. Tamburini. (Bruno Menezes/The Epoch Times)Com quase cinco mil tubos, o Tamburini da UFRJ é o maior da cidade do Rio de Janeiro e o quinto do Brasil

RIO DE JANEIRO – Um concerto da organista Dra. Gertrud Mersiovsky inteiramente dedicado a J. S. Bach deu início ontem ao festival de reinauguração do histórico órgão Tamburini da Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

“Mais do que um complexo instrumento, este órgão é um patrimônio da cidade do Rio de Janeiro. Trata-se do único grande órgão de tubos da nossa cidade instalado numa sala de concertos (todos os demais estão em igrejas). Portanto, é um presente para a universidade e também para a cidade”, declarou na solenidade o diretor da Escola de Música da universidade, o Maestro André Cardoso.

Sem manutenção desde 1989 e infestado por cupins e mofo, o instrumento foi completamente restaurado. Ao longo de dois anos, o órgão foi totalmente desmontado, reconstruído, afinado e modernizado.

Peça por peça, isto é, seus quatro teclados de 64 teclas cada, 122 tabletes de registro, pedaleira com 32 teclas, três pedais de extensão e crescendo, os someiros, a consola e seus nada menos que 4.620 tubos, foram todos reformados e, na maioria dos casos, substituídos por novos. Além disso, o instrumento ganhou também transmissão digital, gravador, reprodutor e conexão midi.

A série de apresentações que comemora o renascimento do Tamburini possui a curadoria de Alexandre Rachid, professor da disciplina na instituição. Serão ao todo quatro concertos neste mês de abril com alguns dos maiores organistas brasileiros: além da renomada Mersiovsky, estão previstos também José Luís de Aquino, Marco Aurélio Lisch e o próprio Rachid, que revela que com a recuperação os alunos já estão voltando a buscar as aulas do instrumento.

No programa estão Bach, Mendelssohn, Vivaldi e também música brasileira, como a obra inédita “Mestre Valentim no Largo do Carmo”, de autoria de Ricardo Tacuchian, outro professor da escola. Os próximos concertos estão previstos para os dias 13, 17 e 20, sempre às 18h30, com entrada franca.

Assista ao vídeo do concerto inaugural

O restauro do órgão, que contou com o apoio da Fundação Universitária José Bonifácio e da reitoria da UFRJ, foi assinado pela empresa Família Artesã Rigatto & Filhos. A recuperação do instrumento custou 820 mil reais e faz parte do projeto de revitalização da Escola de Música da UFRJ, elaborado na gestão de João Guilherme Ripper (1999-2003) e patrocinado agora pela Petrobras.

O órgão foi projetado e construído na Itália em 1954 especialmente para o Salão Leopoldo Miguez da Escola de Música (à época ainda Instituto Nacional de Música) pela tradicional Fabbrica D’Organi Giovani Tamburini, que assina os órgãos do Vaticano.

O instrumento é o maior da cidade do Rio de Janeiro e o quinto do Brasil e durante décadas serviu não só para a formação de organistas brasileiros como para a apresentação de organistas de renome internacional como Fernando Germani (1906-1998), Pierre Cocherreau (1924-1984) e Karl Richter (1926-1981).

“O rei dos instrumentos”

André Cardoso contou ao Epoch Times que acredita que a restauração do Tamburini irá atrair o interesse de novas gerações pelo instrumento no Brasil.

“A quantidade de organistas está diretamente ligada à disponibilidade. O violinista carrega o seu violino e o flautista carrega a sua flauta, um organista não pode carregar o seu instrumento e não o tem em casa pra estudar, então para o aluno da Escola de Música é um privilégio poder ter um instrumento como esse”, avalia o diretor.

Ele aproveitou para lembrar que no Teatro Municipal de São Paulo há um Tamburini similar que está desativado. “A Prefeitura de São Paulo também deveria investir para ter lá o seu instrumento funcionando plenamente.”

Segundo o maestro, cada igreja ou templo que tem um órgão de tubos também deveria cuidar do seu instrumento e se esforçar pra colocá-lo novamente em uso.

“É um instrumento maravilhoso, que possui uma grande história. Mais que um instrumento, ele representa toda uma cultura do mundo ocidental. Falta esse estímulo, essa vontade de retomar o órgão de tubos como um instrumento que, como Mozart já disse, é o rei dos instrumentos”, completou Cardoso.

O órgão da Escola de Música da UFRJ é o único grande órgão de tubos instalado numa sala de concertos na cidade do Rio de Janeiro. (Bruno Menezes/The Epoch Times)

Todo recuperado e modernizado, o órgão também recebeu transmissão digital, gravador e conexão midi. (Bruno Menezes/The Epoch Times)