Rússia e China vetam primeira resolução em que EUA pediam cessar-fogo em Gaza

Por Agência de Notícias
22/03/2024 15:37 Atualizado: 22/03/2024 15:37

Rússia e China vetaram nesta sexta-feira (22) a primeira resolução do Conselho de Segurança em que os Estados Unidos pediam um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza, após quase seis meses de guerra que custaram 32 mil vidas.

A resolução também foi rejeitada pela Argélia, enquanto a Guiana se absteve e os outros 11 países votaram a favor.

Nove votos favoráveis ​​são suficientes para aprovar uma resolução, mas os votos negativos de dois países com direito de veto (neste caso, Rússia e China) impediram sua aprovação.

É a quarta vez que uma resolução neste sentido é vetada por um Estado-membro; nas três ocasiões anteriores foram os Estados Unidos que a vetaram, argumentando nesses casos que os textos não reconheciam o direito de Israel de se defender e permitiam o rearmamento e a reorganização do Hamas.

A resolução, que tinha sido negociada durante um mês e exigiu pelo menos seis rascunhos, foi rejeitada por seu vocabulário, uma vez que, nas palavras do embaixador russo Vasily Nebenzya antes da votação, se considerou que não pedia claramente a uma cessar-fogo, mas limitou-se a considerar imperativo um cessar-fogo imediato e sustentado para proteger os civis de ambos os lados.

Nebenzya disse que a resolução apresentada pelos EUA era “uma iniciativa hipócrita destinada a desorientar a comunidade internacional”, lamentou que as propostas russas de alteração do texto tenham sido sistematicamente rejeitadas por Washington e considerou ainda que o texto votado hoje “representa de fato um sinal verde para Israel levar a cabo uma operação militar em Rafah”.

Já o embaixador da Argélia, Amar Bendjama, disse que sua rejeição não representa apenas o seu país, mas “todo o mundo árabe”, e ressaltou que o texto da resolução dos EUA “não transmite uma mensagem clara de paz, mas permite tacitamente que continuem caindo vítimas civis e carece de salvaguardas para uma futura escalada” do conflito.

O embaixador chinês, Zhang Jun, também considerou o texto votado hoje “ambíguo”, porque pede “claramente” um cessar-fogo e porque “se afasta do consenso dos membros do Conselho e está longe das expectativas do comunidade internacional”, além de conter condições para este cessar-fogo.

Outra resolução com uma linguagem mais clara sobre o cessar-fogo está sendo negociada em paralelo no Conselho de Segurança e, embora a Rússia e a China tenham afirmado que apoiarão essa outra resolução, resta saber qual será a posição dos Estados Unidos.

Ao mesmo tempo, os Estados Unidos patrocinam outras negociações indiretas em Doha (Qatar) entre o Hamas e Israel visando uma troca de prisioneiros entre as duas partes e uma eventual trégua.