Reino Unido acusa China de estar por trás de campanhas cibernéticas maliciosas

Por Agência de Notícias
26/03/2024 16:40 Atualizado: 26/03/2024 16:40

O vice-primeiro-ministro do Reino Unido, Oliver Dowden, disse nesta segunda-feira (25) no Parlamento que hackers ligados à China foram responsáveis por duas campanhas cibernéticas maliciosas contra a Comissão Eleitoral e os parlamentares britânicos.

“Posso confirmar que agentes associados ao Estado chinês foram responsáveis por duas campanhas cibernéticas que visaram nossas instituições democráticas e parlamentares”, disse Dowden em declaração à Câmara dos Comuns.

O vice-primeiro-ministro afirmou que os aliados do Reino Unido, como os Estados Unidos, planejam emitir declarações semelhantes para “expor essa atividade e responsabilizar a China por padrões contínuos de atividades hostis que visam nossas democracias”.

Os ataques ocorreram, segundo Dowden, contra a Comissão Eleitoral, que foi “vítima de um ataque cibernético complexo” em agosto de 2021, no qual agentes afiliados ao regime comunista chinês obtiveram acesso aos e-mails da comissão e seus sistemas de arquivamento.

“Esse ataque não afetou a segurança das eleições e não afetará a forma como os cidadãos votam ou participam dos processos democráticos”, explicou o político.

“Além disso, o Centro de Segurança Cibernética Nacional avaliou que um agente afiliado ao Estado chinês conhecido como APT31 quase certamente tentou realizar atividades de reconhecimento contra as contas de parlamentares britânicos durante uma campanha separada em 2021”, disse Dowden.

O vice-primeiro-ministro britânico falou que o país convocará o embaixador chinês para prestar esclarecimentos sobre essas ações.

De acordo com Dowden, denunciar esse comportamento faz parte da defesa do país, e que “este é o mais recente em um padrão claro de atividade hostil originada na China, como o direcionamento de instituições democráticas e parlamentares no Reino Unido e além”.

“Vimos isso no contínuo desrespeito da China aos direitos humanos universais e aos compromissos internacionais em Xinjiang, na erradicação na China de vozes dissidentes e na opressão da oposição sob a nova lei de segurança nacional em Hong Kong, e nos relatos perturbadores de intimidação e comportamento agressivo da China no Mar do Sul”, acrescentou.

Dowden afirmou que, por causa de tudo isso, Londres “investigou e denunciou os chamados postos de serviço da polícia chinesa no exterior e instruiu a embaixada chinesa a fechá-los”.

Além disso, reiterou que a política do Reino Unido em relação à China se baseia em “interesses nacionais” e, por esse motivo, o país “não hesitará em tomar medidas robustas e rápidas quando o regime chinês ameaçar os interesses britânicos”.

O ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, David Cameron, considerou que “é completamente inaceitável que organizações e indivíduos afiliados ao Estado chinês tenham como alvo instituições democráticas e processos políticos britânicos”.

O chanceler britânico afirmou que havia levantado essa questão diretamente com o ministro chinês de Exteriores, Wang Yi, e lembrou que dois indivíduos e uma entidade foram sancionados por estarem “envolvidos com grupos afiliados à China”.