Polícia da Moralidade prende novamente mulheres nas ruas do Irã por não usarem véu

Por Agência de Notícias
16/04/2024 16:10 Atualizado: 16/04/2024 16:10

A Polícia da Moralidade do Irã regressou às ruas e começou a prender mulheres que não usam o véu islâmico após o lançamento de uma nova campanha para reimpor o uso obrigatório desta vestimenta que muitas mulheres iranianas deixaram de usar desde a morte da jovem Mahsa Amini, segundo denunciaram jornalistas e advogados.

A chamada “Operação Luz” assistiu ao regresso às ruas do país da Polícia da Moralidade, responsável por fazer cumprir o rigoroso código de vestimenta islâmico – como pode ser visto nas praças centrais da capital iraniana Valiasr, Vanak e Tajrish – e em paralelo às detenções de mulheres que não cobrem o cabelo.

“Eles me levaram violentamente para um quarto e me deram eletrochoques (com taser). Minhas mãos ficaram algemadas o tempo todo”, narrou em sua conta na rede social X, ex-Twitter, a jornalista Donya Qalibaf, que foi presa por não usar véu em uma estação de metrô.

“O plano mais obscuro da história contra as mulheres foi chamado de ‘luz’ (Noor, em persa)”, disse a jovem.

A também jornalista Atefeh Mahmoudi relatou que foi cercada por uma van, três motocicletas e um carro e presa por não usar véu.

“Eles me cercaram como se quisessem pegar um criminoso perigoso”, relatou no X a jornalista que foi libertada após assinar uma carta na qual prometia usar o véu.

Além disso, o advogado Ali Mojtahedzade também afirmou na mesma rede social que em uma das praças do sul de Teerã, junto à sede do Ministério Público, testemunhou como “um agente da polícia espancou uma mulher e atirou-a para dentro de uma van por não usar o hijab”.

Muitas mulheres iranianas deixaram de usar o véu como forma de desobediência civil desde a morte de Amini, em setembro de 2022, após ter sido presa justamente por usar o hijab incorretamente, o que gerou fortes protestos no país.

Após o esmagamento dos protestos desencadeados pela morte de Amini com uma repressão policial que deixou 500 mortos, as autoridades iranianas tentaram reimpor o uso do véu com vários métodos de coerção, mas não foram totalmente bem sucedidas.

De fato, nos últimos meses, aumentou o número de mulheres com os cabelos descobertos nas ruas de Teerã, em lojas e restaurantes.

A Anistia Internacional (AI) denunciou no início de março que as autoridades iranianas estão realizando uma campanha em massa de repressão contra as mulheres que não usam o véu, com o confisco de milhares de veículos, penas de prisão e até chicotadas.

O líder supremo do Irã, Ali Khamenei, declarou no início deste mês que as mulheres iranianas devem “obedecer” e cobrir os cabelos com um véu islâmico.