Morre ex-ministro canadense e defensor dos direitos humanos, David Kilgour

Kilgour, ao longo de sua vida, defendeu uma série de causas de direitos humanos

07/04/2022 17:43 Atualizado: 07/04/2022 17:44

Por Omid Ghoreishi

David Kilgour, ex-ministro canadense, membro de longa data do Parlamento e renomado defensor dos direitos humanos, faleceu no dia 5 de abril, aos 81 anos

Ele foi diagnosticado com uma rara doença pulmonar que progrediu rapidamente, relatou sua família, acrescentando que ele faleceu em paz.

Advogado de profissão, Kilgour foi eleito pela primeira vez para a Câmara dos Comuns representando Edmonton Strathcona em 1979. Antes disso, atuou como procurador da Coroa em Manitoba, bem como consultor constitucional do governo de Alberta.

Kilgour inicialmente se juntou à Câmara dos Comuns como um conservador progressista, mas foi removido do caucus em 1990 depois de discordar do então primeiro-ministro Brian Mulroney em trazer o Imposto sobre Bens e Serviços.

Mais tarde, ele se juntou ao caucus liberal, passando a servir como secretário de Estado para a América Latina e África, e mais tarde para a Ásia-Pacífico durante o governo de Jean Chrétien.

Ele deixou o Partido Liberal em 2005 por divergências de princípio e se tornou um deputado independente. Ele não buscou a reeleição em 2006, aposentando-se da política.

Kilgour defendeu uma série de causas de direitos humanos, incluindo investigar e se manifestar contra a campanha de perseguição do Partido Comunista Chinês contra os adeptos ao Falun Dafa.

David Matas (esquerda) e David Kilgour, que foram ambos apresentados no filme “Human Harvest: China's Illegal Organ Trade”, detêm o Prêmio Peabody que ganhou no 74º Prêmio Anual Peabody em Nova Iorque, em 31 de maio de 2015 (Benjamin Chasteen /Epoch Times)
David Matas (esquerda) e David Kilgour, que foram ambos apresentados no filme “Human Harvest: China’s Illegal Organ Trade”, detêm o Prêmio Peabody que ganhou no 74º Prêmio Anual Peabody em Nova Iorque, em 31 de maio de 2015 (Benjamin Chasteen /Epoch Times)

Em 2006, ele foi co-autor, junto com o advogado de direitos humanos David Matas, da reportagem inovadora “Colheita Sangrenta”, que investigou a extração forçada de órgãos do regime chinês de prisioneiros de consciência vivos, praticantes de Falun Dafa. Os dois disseram que, com base em suas descobertas, conseguiram confirmar que Pequim se envolveu na prática hedionda.

Ele e Matas ganharam vários prêmios por seu trabalho expondo a extração de órgãos na China, incluindo o prêmio de direitos humanos de 2009 da Sociedade Internacional de Direitos Humanos na Suíça, e foram indicados ao Prêmio Nobel da Paz em 2010

“Na verdade, estamos entre os que empurram o primeiro dominó, e desejamos que isso tivesse caído anos atrás, mas estou convencido de que eles vão parar de fazer [a extração forçada de órgãos]”, Kilgour disse durante uma cerimônia de recebimento do Prêmio de Direitos Humanos Amigos do Falun Gong em Washington, em 2018.

Após a publicação de “Colheita Sangrenta”, Kilgour viajou para vários países ao redor do mundo realizando painéis e conversando com legisladores, informando-os sobre a campanha de perseguição do regime chinês e a extração de órgãos de adeptos do Falun Gong. Mais recentemente, ele testemunhou no Senado canadense no ano passado, quando a câmara alta estava deliberando um projeto de lei para combater o tráfico de órgãos.

Kilgour também atuou em muitas outras causas de direitos humanos, incluindo o genocídio de Ruanda e as atrocidades de direitos no Sudão e em outras partes do mundo.

“David foi um corajoso e bondoso defensor dos direitos humanos que será lembrado por milhões na China e em todo o mundo como um dos primeiros que ousaram investigar e condenar os crimes de extração de órgãos do PCCh”, declarou o Centro de Informações do Falun Dafa, em uma postagem no Twitter.

David Kilgour dá uma palestra em um evento na Universidade McGill em uma foto de arquivo (Evan Ning/ Epoch Times)
David Kilgour dá uma palestra em um evento na Universidade McGill em uma foto de arquivo (Evan Ning/ Epoch Times)

“Que perda para o Canadá. David era um defensor dos direitos humanos, defendendo apaixonadamente os mais oprimidos. Tão amigável e otimista, ele sempre foi tão encorajador e inspirador para mim. Ele fará muita falta. Minhas sinceras condolências à sua família”, disse Michael Mostyn, CEO da B’nai Brith, uma organização judaica independente de direitos humanos no Canadá, no Twitter.

Alex Neve, ex-secretário-geral da Anistia Internacional do Canadá, escreveu no Twitter: “Tanta gratidão pelas muitas vezes que encontrei uma causa comum de direitos humanos com David, em tantas questões e cantos do nosso mundo. Tanto aprendizado com os tempos em que diferimos. Energia, convicção, clareza, compaixão. Vamos levar isso adiante meu amigo”.

Benedict Rogers, cofundador da Hong Kong Watch, escreveu em um post no Twitter: “Um dos meus heróis pessoais, tanto político como espiritual, foi o notável David Kilgour, que morreu hoje. David era, entre muitas coisas, um patrono do [Hong Kong Watch] e toda a nossa equipe sentirá muito, muito profundamente a sua falta”.

O ex-deputado conservador e ministro da indústria James Moore disse no Twitter: “Um verdadeiro cavalheiro e distinto parlamentar de primeira ordem. Lembro-me com carinho dele cruzando a sala para se sentar ao meu lado tarde da noite na Câmara dos Comuns, oferecendo-me conselhos e um tutorial como um deputado novato. Ele fará falta. Um homem realmente bom”.

Kilgour é autor de vários livros e foi apresentado em vários documentários.

Agora, ele deixa esposa e quatro filhos.

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