Ditadura de Ortega fecha organização religiosa administrada por missionárias brasileiras

Regime se apropriou da casa onde funcionava a Fundação

Por agência efe e renato pernambucano
05/07/2023 15:08 Atualizado: 10/07/2023 01:23

O regime da Nicarágua cancelou nesta terça-feira (04) a personalidade jurídica da Fundação Fraternidade dos Pobres de Jesus Cristo, que fornecia alimentos e roupas a pessoas carentes, e ordenou a tomada de seus bens.

A dissolução dessa associação religiosa, registrada em agosto de 2019, foi aprovada pela ministra do Interior nicaraguense, María Amelia Coronel Kinloch, segundo o acordo ministerial publicado no Diário Oficial La Gaceta.

Conforme o Ministério do Interior, esta ONG foi declarada ilegal por “descumprimento das leis”, porque seu conselho de administração tinha expirado em 25 de fevereiro de 2021 e não prestavam contas do período fiscal de 2020, 2021 e 2022, “dificultando assim o controle e a fiscalização da Direção-Geral de Registro e Controle de Organizações Sem Fins Lucrativos” da pasta.

Quanto à liquidação do patrimônio da ONG, o regime explicou que caberá ao Procurador-Geral da República realizar a transferência de bens móveis ou imóveis em nome do Estado da Nicarágua.

Casa foi tomada há dois dias

Este acordo ministerial ocorre dois dias depois que a pesquisadora nicaraguense exilada; Martha Patricia Molina, e moradores da cidade de León (noroeste), denunciaram que o regime liderado por Daniel Ortega havia se apropriado da casa onde funcionava a Fundação e ordenado a expulsão dos quatro missionárias brasileiras que a administravam.

O Instituto das Irmãs Pobres de Jesus Cristo, ao qual pertence a Fundação Fraternidade dos Pobres de Jesus Cristo, informou na véspera que as religiosas, cuja residência não foi renovada pelo regime da Nicarágua, foram acolhidas em El Salvador.

A polícia da Nicarágua invadiu à meia-noite de domingo a casa que atendiam as missionárias brasileiras, localizada na cidade de León, 90 quilômetros a noroeste de Manágua, segundo relatos próximos às religiosas nas redes sociais e na imprensa local.

A Fundação Fraternidade dos Pobres de Jesus Cristo passou sete anos dedicando-se aos pobres, através do fornecimento de alimentos, roupas e orações, na Nicarágua.

As missionárias planejavam deixar a Nicarágua na próxima semana, depois que as autoridades de Imigração e Relações Exteriores do país não renovaram suas residências.

Até 7 de junho, o regime da Nicarágua havia obrigado 77 religiosos a deixar o país desde que estourou a crise sociopolítica em abril de 2018, incluindo o bispo auxiliar da Arquidiocese de Manágua, Silvio Báez, e freiras estrangeiras.

As relações entre a ditadura de Ortega e a Igreja Católica vivem momentos de grande tensão, marcados pela expulsão e prisão de padres e pela proibição de atividades religiosas.

O papa Francisco chamou o regime sandinista de “ditadura rude” em entrevista ao Infobae, apontando “um desequilíbrio na pessoa que dirige” a Nicarágua.

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